Ucrânia tem uma de suas batalhas mais sangrentas; entenda em cinco pontos

A batalha pela cidade de Soledar, no leste da Ucrânia, é uma das mais sangrentas desde o início da ofensiva da Rússia, que tenta obter uma vitória após uma série de reveses no conflito.


Na semana passada, uma escola ficou destruída após ser atingida por bombardeios.


Confirma cinco pontos sobre a batalha:


Minas de sal

Pessoas em uniforme que reivindicam ser membros do grupo paramilitar Wagner, posam para foto ao lado do chefe do grupo, Evgeni Prigojine, em um local que poderia ser uma mina de sal em Soledar, em 10 de janeiro de 2023 — Foto: CONCORD PRESS SERVICE/REUTERS

Pessoas em uniforme que reivindicam ser membros do grupo paramilitar Wagner, posam para foto ao lado do chefe do grupo, Evgeni Prigojine, em um local que poderia ser uma mina de sal em Soledar, em 10 de janeiro de 2023 — Foto: CONCORD PRESS SERVICE/REUTERS

Antes do conflito, Soledar era uma pequena cidade de cerca de 10.000 habitantes, conhecida por suas minas de sal, as maiores da Europa. Seu nome significa “o dom do sal”, em ucraniano e em russo.


Localizada na região de Donetsk, que Moscou afirma ter anexado, Soledar fica a cerca de 15 quilômetros ao nordeste de Bakhmut, uma importante cidade que os russos tentam tomar há meses.


Sob as galerias de sal, existem 200 quilômetros de galerias subterrâneas, o que pode representar uma vantagem tática em tempos de guerra.


Batalha ‘sangrenta’

Lançador de foguetes Grad, do Exército Ucraniano, dispara contra posições russas nos arredores de Soledar, na Ucrânia, em 11 de janeiro de 2023.   — Foto: Libkos/ AP

Lançador de foguetes Grad, do Exército Ucraniano, dispara contra posições russas nos arredores de Soledar, na Ucrânia, em 11 de janeiro de 2023. — Foto: Libkos/ AP

Rússia e Ucrânia concordam em que os combates em Soledar estão sendo especialmente difíceis.


“Tudo o que está acontecendo hoje em Bakhmut, ou em Soledar, é o cenário mais sangrento desta guerra“, disse o conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, em entrevista à AFP na quarta-feira (11).


“Muito sangue, muitos duelos de artilharia, muitos combates de contato em Soledar”, completou.


Mesmo o Kremlin, em geral discreto quando se trata de perdas, admitiu que os russos pagaram “um preço bastante alto” para avançar em Soledar.


Mercenários russos

Uma pessoa caminha entre edifícios com marcas de bombardeios, em Soledar, Donetsk, Ucrânia, em 21 de dezembro de 2022 — Foto: AP - Libkos

Uma pessoa caminha entre edifícios com marcas de bombardeios, em Soledar, Donetsk, Ucrânia, em 21 de dezembro de 2022 — Foto: AP – Libkos

A batalha de Bakhmut, na qual a luta por Soledar é mais um capítulo, está sendo travada do lado russo principalmente pelos mercenários do grupo paramilitar Wagner, dirigido por um empresário próximo ao Kremlin, Yevgeny Prigozhin.


O ataque a Soledar é obra “exclusiva” dos homens do Wagner, declarou Prigozhin, que, segundo vários analistas, busca reforçar seu peso político na Rússia, obtendo vitórias militares na Ucrânia. Prigozhin percorreu as prisões russas nos últimos meses para recrutar detentos, prometendo-lhes salários altos e anistia, após um tempo determinado de combate.


O analista militar Anatoli Khramchikhin afirma que o papel do grupo Wagner na Ucrânia é “muito importante” e dispõe de “um certo número de vantagens importantes” em relação ao Exército regular russo: “melhor treinamento e, ao mesmo tempo, menos formalidades e menos burocracia”.


Outro analista militar, que pediu para não ser identificado por medo de represálias, acredita que, embora o papel dos mercenários seja “importante” na Ucrânia, tampouco é “decisivo”.


Rivalidade

Para além do aspecto estritamente militar, os combates pelo controle de Soledar e de Bakhmut evidenciaram a acirrada rivalidade que, conforme muitos analistas, existe entre Wagner e o Exército regular russo.


Na quarta-feira (11), Prigozhin anunciou que seu grupo controlava Soledar, apenas para ser, na sequência, desmentido pelo Ministério russo da Defesa. Até o Kremlin pediu que “não se precipitasse”, cantando vitória.


Para Khramchijin, é “evidente” que Wagner e o Ministério da Defesa competem na Ucrânia, com base nas forças e nos meios à disposição da organização paramilitar.


Vasily Kashin, outro analista, acredita que ambos os lados “cooperam”, apesar de sua rivalidade.


“Não podem fazer as coisas de forma independente, fazem parte da mesma força”, enfatiza.


Retomar vitórias

Avião de guerra ucraniano lança sinalizadores nos arredores de Soledar, no leste da Ucrânia, em 11 de janeiro de 2023.  — Foto: Libkos/ AP

Avião de guerra ucraniano lança sinalizadores nos arredores de Soledar, no leste da Ucrânia, em 11 de janeiro de 2023. — Foto: Libkos/ AP


Embora os analistas discordem sobre a importância estratégica de Soledar, ninguém duvida que, se for o caso, as autoridades russas aproveitarão para reivindicar uma importante vitória, depois de terem sofrido notórios reveses.


Há meses, as forças russas tentam tomar Bakhmut, enviando ondas de soldados e bombardeando a cidade ucraniana, sem trégua, com sua artilharia.


“Cada vitória é importante, sobretudo, porque já faz algum tempo que não há vitórias”, disse Khramchijin.


“Estrategicamente, (a tomada de Soledar) pode facilitar as coisas em Bakhmut”, acrescentou.


Para o analista, que pediu anonimato, a captura de Soledar seria “uma vitória tática com pouco valor estratégico”, que terá “pouco impacto na situação global” da ofensiva.


Por France Presse


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