Vazio, o portão de entrada de Machu Picchu, no Peru, é o retrato do país, onde violentos protestos espantam turistas desde dezembro de 2022, o que afeta comunidades inteiras que dependem do turismo neste popular destino
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023.
“Olha, não tem nada, está vazio”, diz Juan Pablo Huanacchini Mamani, o “Inca”, que atende turistas vestido com um traje tradicional de tecidos coloridos, sandálias e enfeites dourados que brilham ao sol
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023
Desde o início de dezembro, os protestos que têm sacudido o país já deixaram 48 mortos. As manifestações pedem a renúncia da presidente Dina Boluarte, que assumiu o cargo após a destituição e a prisão do presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro, por ter tentado dissolver o Parlamento
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023
Em meio aos protestos, a cidade que costumava receber milhares de visitantes hoje vê apenas cerca de cem pessoas chegarem nos fins de semana. Estes são os dois únicos dias permitidos pelos manifestantes, uma concessão para que os habitantes possam sobreviver
Cris Bouroncle/AFP – 29.1.2023
“Vivemos do turismo […] Agora estamos com falta de gente. Quando há turismo, todo o nosso povo trabalha nos hotéis, restaurantes, a agricultura se movimenta”, diz Juan Pablo. Hoje, acrescenta ele, estão vivendo em uma “crise profunda”
Cris Bouroncle/AFP – 29.1.2023
“Queda livre”
Segundo dados do Ministério do Turismo, a crise está custando US$ 6,5 milhões diários, com uma queda de 83% na ocupação hoteleira
Cris Bouroncle/AFP – 29.1.2023
O diretor regional de turismo, Abel Alberto Matto Leiva, explica que, em Cusco, “75% da população trabalha direta ou indiretamente com turismo”, em “uma cadeia” que inclui “2.500 agências de viagens”, alimentação, alojamento e transporte. No momento, 20 mil pessoas estão desempregadas, número este que, segundo ele, “continua aumentando”, com projeções de chegar a cerca de 120 mil até março
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023
Em meio à crise, cerca de 14 mil artesãos locais devem ter as oportunidades drasticamente reduzidas, afirmam as autoridades, o que também representa milhares de comerciantes com pouca ou nenhuma renda. Sem nenhum tipo de ajuda, esses trabalhadores se sentem “totalmente esquecidos”, diz Filomena Quispe, de 67 anos, 35 deles vendendo artesanato em uma pequena loja perto da Plaza de Armas de Cusco
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023
A situação também faz muitos donos de estabelecimentos optarem por não abrir as portas, para cortar custos. “Estamos em queda livre e não sabemos quando ela vai parar”, lamenta o vice-presidente da Câmara Hoteleira de Cusco, Henry Yabar, que também fechou o estabelecimento que tinha, um hotel de três estrelas com cerca de 15 quartos
Cris Bouroncle/AFP – 28.1.2023
Yabar afirma que a crise política foi um golpe “fatal” para o turismo e diz que houve “95% de cancelamentos” nas reservas hoteleiras. Segundo ele, dos 12 mil hotéis e pousadas de Cusco, “entre 25% e 30% (os menores) já faliram”
Cris Bouroncle/AFP – 29.1.2023
Ele disse esperar que o Estado ponha um plano de emergência em ação e faça concessões fiscais para os afetados pela situação. “Temos esperança de uma melhora em julho”, diz Yabar, que completa: “Para os que sobreviverem”
Cris Bouroncle/AFP – 29.1.2023
R7 Notícias
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