Ao menos 15 pessoas, incluindo o ministro do Interior da Ucrânia, morreram em uma queda de helicóptero na periferia de Kiev nesta quarta (18). O governo do país invadido pela Rússia em fevereiro passado não descarta sabotagem no aparelho.
Denis Monastirski estava na aeronave com outras autoridades de sua pasta quando ela caiu em Brovari, cerca de 20 km a nordeste da capital. O aparelho atingiu um jardim da infância, e pelo menos 3 das 15 vítimas identificadas até aqui são crianças que estavam em solo. Há também 29 feridos, 15 deles alunos da escola.
“É uma tragédia”, disse o presidente Volodimir Zelenski. O relato inicial, do governo provincial de Kiev, era de 18 mortas, mas o número foi revisado.
Se for comprovada sabotagem, esta foi a mais alta autoridade assassinada desde que as forças de Vladimir Putin atacaram o país vizinho, há quase 11 meses. Mas o ministério de Monastirski afirma que também estão sendo estudadas outras hipóteses, como defeito técnico e violação de regras de segurança pelos pilotos.
O incidente ocorre após um dos mais rumorosos ataques contra civis da guerra. No sábado (14), um míssil atribuído à Rússia atingiu um prédio residencial em Dnipro, matando 45 pessoas –ainda há duas dezenas de desaparecidos.
O governo de Zelenski acusou os russos de usar um míssil Kh-22, disparado de bombardeiros Tu-22 em espaço aéreo russo, pelo estrago. O modelo foi criado na União Soviética para destruir grandes navios, como porta-aviões, mas tem sido empregado pontualmente contra alvos terrestres na guerra, o que diminui a eficácia de seu sistema de guiagem desenhado para superfícies aquáticas.
O Kremlin negou ter mirado o prédio, e disse que a tragédia foi resultado de fogo amigo de baterias antiaéreas ucranianas. Um assessor presidencial de Zelenski chegou a cogitar a ideia e, pressionado, renunciou. A Força Aérea então emitiu uma rara declaração dizendo que não tem como abater Kh-22 e modelos semelhantes.
No leste ucraniano, os combates prosseguem ferozes na região de Bakhmut, em Donetsk, 1 das 4 regiões anexadas ilegalmente por Putin em 30 de setembro. Kiev espera que a Otan, aliança militar ocidental, decida em encontro na sexta (20) pelo envio de tanques de guerra para o país.
O Reino Unido prometeu 14 unidades, pressionando a Alemanha a liberar o emprego do germânico Leopard-2, amplamente usado no continente. Ao menos a Polônia e a Finlândia, grandes operadoras do modelo, já prometeram o envio se liberadas por Berlim.
Folha de S.Paulo