O Peru proibiu a entrada do ex-presidente boliviano Evo Morales em seu território por “intervir” nos assuntos de política interna do país, que vive uma grave crise institucional e política marcada por manifestações em várias regiões, informou o Ministério do Interior nesta segunda-feira (9).
“Foi decretado o registro de impedimento de entrada no país, através de todos os postos de controle migratório, de nove cidadãos de nacionalidade boliviana, entre os quais se inclui o senhor Juan Evo Morales Ayma”, anunciou o órgão público, referindo-se ao ex-líder político que vem expressando seu apoio aos protestos contra o governo da atual presidente, Dina Boluarte.
“Nos últimos meses foram identificados cidadãos estrangeiros de nacionalidade boliviana que ingressaram no país para realizar atividades de caráter político proselitista, o que constitui uma clara pretensão em nossa legislação migratória, na segurança nacional e na ordem interna do Peru”, acrescentou o ministério.
Morales, que foi presidente da Bolívia entre 2006 e 2019, tem uma presença ativa na política peruana desde que o ex-presidente esquerdista Pedro Castillo chegou ao poder em julho de 2021, até a sua destituição no início de dezembro passado.
Desde então, vem expressando o seu apoio aos protestos no país, em especial às manifestações na região de Puno, que faz fronteira com a Bolívia.
“Enquanto grupos oligárquicos de direita no Peru tentam nos assustar com mentiras e denúncias insustentáveis, a repressão brutal continua contra irmãos indígenas que pedem justiça, democracia e a recuperação de seus recursos naturais. O Peru profundo despertou”, escreveu Morales em seu Twitter no último sábado.
Boluarte já havia pedido na quarta passada que o político parasse de “intervir” nos assuntos internos do país e disse que as autoridades migratórias avaliavam proibir o seu acesso ao território peruano.