Morto em um acidente de trânsito no dia 1º de janeiro, os órgãos de Kauan Farias, 20 anos, foram doados para a mãe Graziele Farias, de 37 anos. A mulher que estava na fila de transplante, desde 2018, para receber rins, teve uma segunda chance de viver com as doações do filho.
A mãe do rapaz teve falência dos rins devido a uma crise severa de hipertensão. Segundo o Metrópoles, por receber o diagnóstico de morte encefálica, na terça-feira (3), a família autorizou a doação dos órgãos do rapaz, mesmo antes de saber que eles poderiam ser destinados a Graziele.
Após descobrir que o Hospital das Clínicas de Botucatu havia confirmado a compatibilidade para o transplante entre mãe e filho, Graziele aceitou receber o rim de Kauan. De acordo com a legislação que normatiza os transplantes no país, parentes que estejam na fila de espera têm prioridade em relação aos órgãos de um familiar que se tornou doador após morte encefálica.
“Ela quis ter para sempre dentro dela um pedacinho do filho. Em meio a toda a dor, tivemos essa a boa notícia de que minha irmã estava em condições de fazer a cirurgia”, conta Nayara Furquim do Amaral.
Conforme relatado pela tia do jovem, o sobrinho, antes de morrer, não se conformava em ver o sofrimento da mãe e queria ajudá-la, doando um rim. No entanto, Kauan não tinha a idade exigida por lei — 23 anos.
Nesse meio tempo, o rapaz assumiu a responsabilidade de ajudar a familiar em tarefas do dia a dia e acompanhá-la nas sessões de hemodiálise no hospital, feita três vezes por semana, até que pudesse realizar a doação.
“Ele dizia que quanto completasse a idade exigida, doaria um rim para a mãe. Minha irmã certamente nem lembrou da intenção do Kauan em doar um rim para ela. Mas, mesmo devastada, não pensou duas vezes em autorizar a doação. Ela queria que um pedacinho dele pudesse salvar outras pessoas”, disse Nayara.
Os rins de Kauan foram captados em uma cirurgia múltipla realizada na quarta-feira (4), com apoio de cerca de 40 profissionais. No dia seguinte, Graziele recebeu o órgão do filho em um procedimento inédito este ano, realizado no no Hospital das Clínicas de Botucatu (SP)
Agora, a mulher segue internada para recuperação. De acordo com familiares, a cirurgia foi bem-sucedida e não teve intercorrências.
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