A história de Adrelina Chagas de Souza e Maria Norma das Chagas parece coisa de novela. Elas foram separadas na infância após ficarem órfãs. As irmãs foram criadas por pais diferentes, mas o que elas não esperavam é que o destino as deixariam tão próximas para que um dia o reencontro fosse possível.
Criadas na mesma cidade por pais diferentes, as irmãs foram separadas logo na infância quando Andriele tinha apenas seis meses e Maria Norma sete anos. Porém, elas não sabiam da possibilidade de que um reencontro seria possível por elas estarem morando na mesma cidade, em Rio Branco, sem saber.
Mesmo depois de anos procurando Andrelina, junto com seus outros irmãos, Maria Norma conta que não conseguia ter contato com a irmã e nem saber do seu paradeiro.
“Tinha no coração aquele desejo [reencontrar a irmã], eu sempre falava para as minhas filhas que minha mãe queria encontrar meus irmãos. Procurei pelo Bujari, onde as pessoas diziam que ela estava, a gente corria e, quando chegava lá, nada. E assim foram muitos anos nessa procura”, lembra.
Apesar dos longos anos de procura, a espera finalmente chegou ao fim. As duas órfãs se reencontraram na capital acreana depois de 37 anos. Foi com ajuda de uma amiga que esse reencontro se tornou realidade. Francisca oliveira é amiga de Andrelina e contou para ela que um dia encontrou Maria por acaso quando comprava vestido em uma loja. Andrelina lembra que a amiga disse que percebeu a semelhança e começou a observar Maria.
“Quando olhei para trás, a impressão é que eu tinha visto a Andrelina, continuei olhando os vestidos e ela [Maria] me atendendo e eu observando. A partir do momento em que achei ela parecida com a Andrelina, fiquei observando o jeito dela, tudo era parecido, cabelo, voz, o jeito, aquela alegria. Aí com o tempo observando, resolvi falar que tinha uma amiga que parecia muito com ela e que o nome era Andrelina. Foi quando ela falou que tinha uma irmã chamada Andrelina e a gente se aprofundou um pouco mais no assunto, no pouco que eu conhecia da Andrelina do distanciamento dela dos irmãos. E tudo que eu falava batia”, contou a amiga.
Maria Norma falou que no começo ficou relutante com a história de se parecer com alguém e até pensou: “no mundo todo tem gente que se parece, né?”. Mas, ao relembrar da irmã, ela falou que o divino tocou seu coração para que ela falasse que sua irmã se chamava Andrelina.
“Essa cliente [Francisca] ficou me olhando e aí ela disse assim: ‘nossa, você parece demais com uma moça que eu conheço, amiga minha, ela é da igreja’. Ela falou logo de imediato: ‘Andrelina’! Achei coincidência, mas não veio na minha mente ela [Andrelina]. Só que aí o espírito santo falou no meu coração, eu sou evangélica, então, o espírito santo falou assim: ‘Andrelina é sua irmã’, comecei a me tremer, sentir arrepios, e falei com muita certeza: ‘moça, Andrelina é minha irmã.'”
Foi então que Francisca ligou para Andrelina contando a notícia de que tinha achado sua irmã. Ela, de início, não acreditou, pois já havia procurado durante muito tempo e não tinha achado a irmã.
“Eu estava almoçando no trabalho quando ela [Francisca] me ligou e começou a falar. Fiquei muito nervosa com a notícia e disse: ‘Nete [Francisca], é verdade o que você está falando?. ‘É sim, ela tem certeza que é tua irmã'”, lembra Andrelina.
Logo o sentimento de dúvida ganhou espaço para a alegria. Além de Andrelina, os outros irmãos também ficaram emocionados com o reencontro.
Maria e Andrelina deixaram um recado para quem está na mesma situação e quer encontrar algum parente que está perdido. Ela fala para que as pessoas não percam a esperança e continuem a procurar. “Você que é órfão, você que perdeu seus pais, você está longe por algum motivo de um irmão, não perca a esperança”, disse.
Já Andrelina completou. “Queria falar para as pessoas não perderem a esperança, porque assim como eu encontrei minha irmã depois de tantos anos você também pode encontrar. Deus nos reuniu de novo.”
Fonte: G1ACRE