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Irmãos centenários morrem com 11 horas de diferença em Rio Branco: ‘Ele já estava sentindo’

O amor entre irmãos representa um elo que dura toda uma vida. É o caso de dois irmãos que moravam em Rio Branco, com mais de 100 anos de idade. O mais velho, Pedro Freitas, de 105 anos, não tinha preocupações por conta da idade avançada. Seu único temor, segundo a família, era que o irmão Valdemar Freitas, de 100 anos, morresse antes dele.


“Ele sentia as coisas. Principalmente quando ia perder alguém. Ele tinha um irmão que ia fazer 101 anos. Ele pedia a Deus que o irmão não morresse antes dele, porque ele não queria passar por mais desse sofrimento”, relata a filha Selma de Castro Freitas, que cuidava de Pedro.


Porém, o que Pedro não queria que acontecesse acabou se concretizando. O irmão faleceu no domingo (8), às 16h. No dia, Pedro também já apresentava sintomas de fraqueza e falta de apetite, e 11 horas depois também morreu, nas primeiras horas de segunda-feira.


“Ele já estava sentindo, já estava sentindo algo diferente. 3h da madrugada ele morreu. Menos de 12 horas de diferença”, Selma relembra. Ambos morreram de causas naturais em suas casas.


Exemplo de cidadania

Pedro de Holanda Freitas ganhou notoriedade nas eleições de outubro do ano passado, quando fez questão de votar mesmo próximo de completar 105 anos. Ao exercer o direito ao voto mesmo em idade que o dispensava da obrigação, disse que pretendia seguir votando e deixou um recado para os mais novos.


“O que faz a gente votar é querer o bem para o mundo, o bem da população. Na idade que eu estou só penso no melhor. Além de a gente dar valor ao voto, dá valor à pessoa que já votou esse tempo todo com bom coração. Sempre as pessoas me levam e me trazem, me ajudam, é uma maravilha. A mensagem que deixo é que cada um procure fazer sempre o bem, espero o bem de todo mundo”, disse o idoso à época.


No dia da votação, a filha Selma disse que o pai, após votar, se despediu dos mesários dizendo ‘até a próxima eleição’. Ela afirmou que a atitude do pai também incentivava outros idosos sobre a importância de continuar votando.


A eleição de 2020, durante a pandemia, foi a única que o idoso não participou A filha disse que ele ainda insistiu para ir votar, mas a família achou melhor preservá-lo com receio de ser contaminado pela Covid-19.


Uma vida dedicada à família

Pedro era artesão e gostava de fazer brindes em seu aniversário — Foto: Arquivo pessoal

Pedro era artesão e gostava de fazer brindes em seu aniversário — Foto: Arquivo pessoal

Selma relembra que, além do papel de eleitor, Pedro também cumpriu a função de pai. O que fica nesse momento da partida dele é a gratidão e a lembrança de que ele sempre manteve a família unida. Ela também recorda que o pai, sempre sensitivo, teve uma conversa pouco antes de morrer que serviu como uma despedida.


“Sempre que eu ia sair de casa, avisava a ele, que dizia: ‘Pode ir, minha filha. Não vai ser dessa vez que vou morrer’. Mas na última sexta, quando fui sair, ele falou: ‘Minha filha, vá se preparando, sinto que vai ser logo’. Ele reuniu todos que estavam na casa, agradeceu a Deus, pediu desculpas por tudo, agradeceu à família”, recorda emocionada.


Ela também contou que mesmo aposentado, o pai ainda se dedicava ao artesanato. Todos os anos, gostava de produzir brindes em seu aniversário e entregava aos convidados.


“Ele se aposentou. Trabalhou no colégio dos padres, era aposentado de lá. Mas além de tudo, ele era artesão, gostava de fazer as lembrancinhas no aniversário dele”.


Pedro e Valdemar eram os dois últimos de 5 irmãos, de uma família que veio do Ceará. Pedro não chegou aos 107 anos como prometia, segundo Selma, mas deixa uma bela história junto ao irmão que não queria perder.


Com informações g1.


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