A criação de um Conselho Estadual dos Povos Indígenas foi debatida nesta quinta-feira, 19, com diversas lideranças do Acre. Os representantes foram ouvidos pela secretária Julie Messias, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas (Semapi), e puderam falar sobre as expectativas em relação à constituição de mais espaços de governança para os indígenas.
As terras indígenas do Acre reconhecidas representam mais de 14,56% do território do Estado. São 15 povos de diferentes etnias e línguas que exercem o importante papel de conservação e proteção das florestas, da sua rica biodiversidade, parte da sua tradicionalidade.
Na reunião, a secretária disse que um dos focos do governo nesta gestão é ter um diálogo ainda mais aberto com os povos indígenas do Acre. Ela falou da importância da Diretoria Indígena, além da retomada e criação do Conselho Estadual dos Povos Indígenas.
“Tanto a diretoria, quando o conselho representam ferramentas de diálogo e gestão de políticas públicas a serem feitas e implementadas com os povos indígenas do Acre. Antes de nomear o diretor indígena, busquei falar com as lideranças para termos esse momento para em que eu pudesse ouvi-los.”
A secretária falou ainda que o governo pretende, com a criação do conselho, tratar mais de perto dos assuntos relacionados às políticas de gestão territorial dos indígenas.
“O governador Gladson Cameli tem falado sempre em união e integração. Precisamos trabalhar juntos, trocar experiências e esperamos que vocês abracem o diretor ou diretora de políticas indígenas que deverá assumir a pasta para que possamos trabalhar juntos.”
As lideranças agradeceram pelo início do diálogo e pontuaram em suas falas a importância da escolha de uma secretária que conhece a realidade dos povos indígenas e das políticas de meio ambiente.
Um dos representantes do povo Huni Kui, Vanderson Brito disse que a criação do conselho pode ajudar os povos em várias áreas.
“As políticas indígenas são feitas a partir das necessidades das nossas bases, nossas comunidades. A criação do comitê consultivo para a efetivação das ações da Semapi mostra a sensibilidade da secretária Julie e do governador Gladson Cameli em construir conosco essa nova gestão. Estaremos juntos acompanhando e propondo soluções para as demandas que nos envolvem, indígenas do Acre”, destacou.
Taska Yawanawá também estava na reunião e enfatizou que a iniciativa da secretária em convidar as principais lideranças para um debate presencial fortalece o espírito de trabalho em cooperação.
“É um grande passo, uma iniciativa inovadora que poderá contribuir muito para construir um política indígena do Acre com ampla participação e, claro, com resultados reais. Vai ajudar os povos indígenas do Estado no desenvolvimento dos projetos sociais, ambientais e culturais que tanto almejamos desenvolver nas aldeias”, afirmou.
Francisco Piyãko foi uma das lideranças que participou e disse que o diálogo precisa ser mais amplo, que é necessário avançar e que o conselho é uma alternativa para que as ações sejam realizadas de forma mais rápida.
“A gente acredita muito que esse momento seja um momento novo. Precisamos desse diálogo para que as coisas possam caminhar de maneira harmoniosa, porque essa pasta ambiental e indígena e a dos extrativistas, as pessoas que moram na floresta, os povos como um todo, possam ter voz. São pautas que, bem http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistradas, se completam. Precisamos montar uma estratégia para avançar. O conselho é um espaço para serem discutidos os próximos passos”, afirmou.
Já Nedina Yawanawa, disse que a reunião é um primeiro espaço para o início do diálogo para que os povos de todas as etnias possam ser ouvidos.
“Quero cumprimentar e agradecer a secretária Julie e toda sua equipe por esse espaço. Queremos que as coisas caminhem e a gente avance na questão do diálogo, na questão da participação e no fortalecimento dos órgãos que tratam da questão ambiental e das políticas indígenas e climáticas. A criação do conselho é um instrumento importante para que a gente possa discutir todas as políticas voltadas aos povos.”
Estavam na reunião de forma presencial o representante do governo, Lívio Vegas, o professor Carlito Cavalcanti, a diretora de Meio Ambiente, Renata Souza, as lideranças Nedina Yawanawa, Francisca Arara, Manoel kaxinawá, Vanderson Brito, José Wandres e as representantes do Movimento da Juventude Indígena Ayany Huni Kui e Kariane Huni Kui. E, de forma online, participaram Ninawa Huni Kui, Francisco Piyãko, Isaac Piyãko e Tashka Yawanawa.
A Gazeta do Acre