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Filho de idoso que se negou a ser atendido por delegado negro no AC diz que pai não é racista

Idoso pediu que fosse atendido por um delegado branco e recebeu voz de prisão por racismo — Foto: Asscom/Polícia Civil

A família de Raimundo Rufino, de 69 anos, preso em flagrante pelo crime de racismo contra o delegado Samuel Mendes, alega que o idoso não é racista e que pediu “um delegado branco”, porque se referia a um outro delegado da 2ª Regional, na Cidade do Povo, em Rio Branco.


Rufino foi preso na terça (3) na Delegacia de Polícia Civil da 2ª Regional quando foi registrar um boletim de ocorrência contra uma vizinha que o estava ameaçando. Porém, ao ser informado que Mendes era o delegado, ele se negou a entrar no gabinete e pediu “um delegado branco.”


O delegado então deu voz de prisão ao idoso pelo crime de racismo. Ao g1, o filho do idoso, Modesto Rufino alegou que o pai não é racista, tem problemas de audição e faz tratamento psiquiátrico no Hospital de Saúde Mental do estado (Hosmac). Ele alega que o pai, ao pedir um “delegado branco”, se referia a um colega de Mendes.


“Ele já tinha ido outras vezes lá [na delegacia] e conversado com um delegado, que ele não se lembrava o nome, mas, por isso o chama de delegado branco. Ele sempre ia com esse delegado, que o escutava, era uma forma de psicólogo. Meu pai não é racista e não entrou no gabinete porque não era o delegado que ele queria”, justifica.


O g1 não conseguiu contato com o idoso, mas em depoimento na delegacia, ele disse que foi até a delegacia e encaminhado a um “homem negro e com barba”, mas que em nenhum momento ouviu que ele seria o delegado.


Ele disse ainda que possui dificuldades em ouvir após a Covid. “Se eu soubesse que Samuel Mendes fosse delegado não teria nenhum problema em ser atendido por ele. Porém, diferente do que diz o filho, o idoso alegou em depoimento que foi a primeira vez que foi até aquela delegacia e que não conhece ninguém.


O idoso também tem outros processos relacionados à violência doméstica. Em entrevista ao g1 na terça, o delegado relatou que, mesmo com 19 anos de atuação na Segurança Pública, nunca tinha passado por uma situação dessa.


“É algo que pega de surpresa, ainda mais nesses tempos atuais em que as pessoas cada vez mais estão informadas. A tendência é diminuir e não ser de forma tão implícita. Fiquei sem ação, depois fui alinhar as ideias”, lamentou.


O delegado recebeu notas de apoio, tanto da direção da Polícia Civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Acre (OAB-AC) e Associação dos Delegados de Polícia Civil do Acre (Adepol-AC).


Delegado Samuel Mendes foi vítima de racismo na manhã desta terça-feira (3) — Foto: Arquivo pessoal

Medida cautelar


A juíza de direito Andréa da Silva Brito concedeu a liberdade provisória de Rufino, determinando medida cautelar de comparecimento mensal em juízo para justificar suas atividades e, comprovação de residência fixa.


O comparecimento mensal é obrigatório pelo prazo de 180 dias ou até a prolação da sentença, o que ocorrer primeiro, à Central Integrada de Alternativas Penais (órgão da Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária responsável em fiscalizar o cumprimento das cautelares e acompanhar as atividades do indiciado).


Em caso de descumprimento das mesmas, poderá ser decretada sua prisão preventiva. Após ser preso em flagrante, Rufino foi solto na quarta-feira (4). No relatório psicológico, ele diz que faz tratamento para transtorno mental e disse que sofre de depressão e faz acompanhamento psiquiátrico no Hosmac.


Fonte: G1ACRE


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