Cartão corporativo: Gasto de Bolsonaro foi quase o triplo do divulgado

Bolsonaro pode ter gasto mais de R$75 milhões em cartão corporativo durante seu mandato - Foto: NELSON ALMEIDA/AFP via Getty Images

Os gastos do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com cartão corporativo entre 2019 e 2022, foram quase o triplo do que os divulgados na semana passada.


De acordo com as planilhas, que se tornaram públicas no dia 6 de janeiro, Bolsonaro desembolsou R$ 27,6 milhões em cartão corporativo entre os quatro anos em que ficou na presidência da República.


No entanto, de acordo com levantamento feito pelo UOL, o gasto pode ser ainda maior.


O Portal da Transparência do governo federal, por exemplo, mostra, que durante a gestão, que essa quantia passa de R$ 75 milhões.


Além das inconsistências entre esses dados, há outras onde as planilhas divulgadas indicam que os gastos do ex-presidente com cartão corporativo em 2022 foram de R$ 4,9 milhões. No portal, contudo, essa quantia é de R$ 22,8 milhões para o mesmo período.


O jornalista Luiz Fernando Toledo, cofundador da “Fiquem Sabendo”, agência de dados públicos especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), em entrevista ao UOL, disse que solicitou as planilhas e destacou que os documentos apresentam dados incompletos.


As planilhas foram publicadas em resposta a um pedido feito pela agência por meio da LAI (Lei de Acesso à Informação).


O representante também frisou que eles não especificam se valores foram usados apenas pelo presidente, de sua equipe de segurança ou se englobam outros órgãos que estão sob o guarda-chuva da Presidência, como secretarias, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Inteligência).


“O que não está esclarecido é o que significam afinal esses dados que eles divulgaram. Será que é só um pedaço? Falta atualizar, falta colocar os dados com viagens internacionais ou se colocaram só um órgão? Sem essas informações fica muito difícil fazer qualquer comparativo [com outros governos]”, diz Luiz Fernando.


A diretora de programas da Transparência Brasil, Marina Atoji, destacou ao UOL que viagens envolvendo negociações do país com parceiros internacionais podem continuar sob sigilo e, por isso, podem não aparecer nas planilhas de detalhamento de despesas.


O Itamaraty, por exemplo, colocou sob sigilo de cinco anos o acesso aos detalhes dos documentos da visita de Bolsonaro à Rússia, em fevereiro do ano passado.


Marina também ressalta que os gastos da Abin e do GSI podem não estar na planilha porque um decreto de 2019 estabelece uma classificação de sigilo mais imprecisa do que a prevista pela LAI, por envolver informações de ações de inteligência e investigações.


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