SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma multidão de mulheres trintonas e quarentonas abarrotava o Allianz Parque, em São Paulo, na noite desta sexta-feira. Estavam ali para relembrar a adolescência e cantar a plenos pulmões hits dos Backstreet Boys, boyband sensação dos anos 1990, que trouxeram sua turnê “DNA World Tour” à capital paulista depois de um adiamento de três anos por causa da pandemia de Covid.
A julgar pela empolgação da plateia, dá para dizer que valeu a espera. Uma mistura das canções “Everyone” e “I Wanna Be With You”, duas das mais antigas da banda, abriu o show depois de 14 minutos de atraso. O público foi à loucura.
“Estou me sentindo tão jovem”, disse uma mulher, rindo. Atrás dela, outra fã, que aparentava estar na casa dos 50 anos, tirava selfies com uma faixinha temática amarrada na cabeça. Seu marido, com cabelos grisalhos, encarava o palco com cara de poucos amigos.
Era um público diferente do que encheu o estádio no começo de dezembro, quando Harry Styles hipnotizou um bando de adolescentes com seu charme britânico. Mas, depois que os Backstreet Boys subiram ao palco, mal dava para notar diferenças entre as plateias.
Afinal, o quinteto formado por Nick Carter, Kevin Richardson, Howie Dorough, AJ McLean e Brian Littrell fez o público ferver ao emendar “I Wanna Be With You”, de 1996, e “Dont Want You Back”, de 1999.
“Nós prometemos que íamos voltar. Quero ser o primeiro dos Backstreet Boys a dizer ‘obrigado, Brasil!’, falou Howie Dorough depois de “Get Down (You’re the One For Me)”, do primeiro disco da banda.
O ritmo caiu quando a banda apresentou faixas mais recentes, como as do álbum que dá nome à turnê, lançado em 2019. As pessoas na plateia queriam mesmo era ouvir as antigas. Prova disso é a gritaria que se ergueu com “Show Me the Meaning of Being Lonely”. Foi quando o suor começou a se misturar com lágrimas no rosto de uma fã.
O quinteto soltou a voz na dramática “Incomplete”. Em seguida, na faixa “Undone”, fizeram uma daquelas coreografias com as quais encantaram toda uma geração. São movimentos suaves e charmosos, nada parecidos com as dancinhas bobas do TikTok que hoje alavancam artistas pop.
Nick Carter e Brian Littrell excitaram as fãs quando se juntaram para formar um coração com os braços no fim de “Shape of My Heart”. A fã na faixa dos 50 anos que antes tirava selfies com a faixa da banda rebolava, empolgada, mas seu marido ainda não tinha esboçado nem sinal de um sorriso.
Foi lá pela metade do show que AJ McLean e Kevin Richardson interromperam a apresentação para mudar de look. Fizeram isso no palco mesmo, dentro de um trocador móvel. McLean depois atirou uma cueca azul, supostamente usada, para as fãs. Uma onda de berros se ergueu.
Os cinco cantores trocaram de roupa de novo depois, e vestiram branco para cantar “Everybody (Backstreet’s Back)”, um dos seus maiores sucessos. O público saltou até o chão tremer.
Foi quando o quinteto apelou para a nostalgia. Cantaram uma sequência de hits, como “We’ve Got It Goin’ On”, “It’s Gotta Be You”, “The One” e a clássica “I Want It That Way”. É só nesta última que o grisalho finalmente se empolgou e ergueu o celular para eternizar o momento num vídeo. Satisfeito com o resultado, chamou a esposa para ir embora a duas músicas do fim do show.
Os Backstreet Boys se despediram das fãs sob um mar de fitas brancas enquanto bolas gigantes quicavam sobre a plateia. Depois de ver esgotarem os ingressos deste show, a boyband se apresenta de novo em São Paulo neste sábado. Nada como reviver a juventude e faturar com isso.
GUILHERME LUIS