A organização do Aberto da Austrália baniu, nesta terça-feira (17), bandeiras da Rússia e de Belarus do evento após polêmica no jogo da tenista ucraniana Kateryna Baindl. A Rússia classificou a atitude como “lamentável”.
Vasyl Myroshnychenko, embaixador da Ucrânia na Austrália e na Nova Zelândia, postou uma foto mostrando uma bandeira russa pendurada em um arbusto ao lado da quadra onde sua compatriota Kateryna Baindl jogava sua primeira rodada na segunda-feira (16).
“Condeno veementemente a exibição pública da bandeira russa durante o jogo da tenista ucraniana Kateryna Baindl no Aberto da Austrália hoje”, escreveu ele no Twitter.
Em comunicado, a organização do Aberto da Austrália afirmou que as “bandeiras da Rússia e da Bielorrússia estão proibidas”.
“Nossa política inicial era que os torcedores pudessem trazê-los, mas não poderiam usá-los para causar transtornos. Ontem tivemos um incidente em que uma bandeira foi colocada na quadra“.
“A proibição tem efeito imediato. Continuaremos a trabalhar com os jogadores e nossos torcedores para garantir o melhor ambiente possível para desfrutar do tênis.”
Belarus está sendo usada como um palco chave para a guerra na Ucrânia, que Moscou chama de “operação especial”.
Jogadores russos e bielorrussos foram banidos de Wimbledon no ano passado, mas podem competir como atletas individuais sem afiliação nacional no Aberto da Austrália.
Suas bandeiras não são exibidas ao lado de seus nomes nas transmissões de TV, como no caso de outros jogadores, e sua nação não é indicada nas folhas de sorteio.
A embaixada russa na Austrália disse que a organização do torneio cedeu à “manipulação política”.
“Além de já discriminar os tenistas russos com sua política de ‘bandeira neutra’, a organização agora foi além ao garantir que eles não possam ser visivelmente apoiados por seus fãs”, disse a embaixada russa em um comunicado.
“É realmente lamentável ver os organizadores do torneio cederem à manipulação política aberta e bastante arrogante, sacrificando o espírito de jogo justo uma vez inerente ao Aberto da Austrália.”
A bielorrussa Aryna Sabalenka disse entender como a exibição das bandeiras dos dois países pode incomodar os jogadores ucranianos.
“Eu realmente pensei que esporte não tem nada a ver com política, mas se todos se sentirem melhor assim, então está tudo bem”, disse a quinta cabeça-de-chave a repórteres após sua vitória no primeiro turno nesta terça.
“Se a Tennis Australia tomou essa decisão para fazê-los se sentir melhor, tudo bem. Eles fizeram isso, o que posso fazer? Não posso fazer nada.”
Nascido em Moscou, Eugene Routman exibiu a bandeira da Rússia nas arquibancadas na segunda-feira, durante a partida de Kamilla Rakhimova contra Baindl, e disse que ele e seus colegas torcedores russos não fizeram nada de errado.
“Recebemos algumas reclamações, mas não estávamos reclamando, estávamos apenas torcendo pela jogadora russa porque ela só tinha uma apoiadora, sua mãe”, disse Routman às publicações de Melbourne Herald e The Age.
“Não é como se estivéssemos agitando bandeiras nazistas e do Estado Islâmico. É um país soberano.”
A número dois da Ucrânia, Marta Kostyuk, disse à Reuters na segunda-feira que não apertaria a mão de rivais da Rússia e de Belarus, que ela acha que não fizeram o suficiente para se manifestar contra a invasão.
CNN Brasil