O relatório divulgado nesta sexta-feira (27/1) pelo interventor federal na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli, mostra a quantidade de ocorrências criminais registradas desde o início do acampamento no QG do Exército, no dia 1º de novembro de 2022, até o fim, em 9 de janeiro. Segundo o documento, foram 73 registros nos 71 dias em que bolsonaristas estiveram pedindo intervenção militar.
Nos dados divulgados, os chamados crimes contra a honra — calúnia, difamação e injúria — foram os mais registrados, com 20 casos. Em segundo lugar ficaram os furtos, com 19 incidências.
O levantamento feito pelo interventor mostra, ainda, que foram 13 casos de lesão corporal e vias de fato.
Confira abaixo a relação completa. (A sigla ATCV mencionada significa Acidente de Trânsito com Vítima).
Relatório
Cappelli disse ainda que batalhões importantes para conter manifestantes não foram acionados, mesmo com alerta da inteligência, feito no dia 6 de janeiro, de que havia ameaça de ataque na Esplanada dos Ministérios.
“Não houve plano operacional nem ordem de serviço. Não há registro de quantos homens iriam. O que houve, apenas, foi um repasse burocrático, um ofício recebido para algumas unidades pelo Departamento de Operações. Isso é central, quem faz é o Departamento de Operações da Polícia Militar. O chefe em exercício do DOP encaminha burocraticamente esse memorando para algumas unidades. Chama atenção, então, as duas questões: não houve plano operacional, nem sequer ordem de serviço”, disse.
Segundo o interventor, apenas um memorando foi encaminhado, e os batalhões não foram acionados.
“Nem chegou a batalhões importantes, como o BPCães, o Bavop, o RPOM e até mesmo o Bope. Não foram sequer acionados”, ressaltou. “Quando a gente olha para o dia 1º, vemos diferença grande para o comportamento adotado para o dia 8. Havia previsão de 555 homens para a área central. A impressão que dá, no vídeo, é que não tinham 150 homens.”
Além disso, o interventor informou que alunos do curso de formação foram posicionados para atuar na Esplanada, e as grades instaladas nas proximidades dos Três Poderes eram frágeis. Cappelli ressaltou que nove comandantes de batalhões e áreas sensíveis da PMDF estavam de férias ou de licença no dia 8.
“Essas questões operacionais são importantes. Todas elas corroboram na questão de ausência de planejamento adequado, em consonância com as informações que existiam. Grande parte dos comandantes mais importantes dos batalhões estavam de férias. Essa é uma outra questão que também pode ter tido impacto sobre os eventos que ocorreram no dia 8”, informou.
Metrópoles