A prefeita de Brasileia, Fernanda Hassem, expulsa sumariamente do PT em decisão colegiada tomada nesta segunda-feira, 12, acusada de apoiar a reeleição do governador Gladson Cameli (PP), apontou o dedo na cara de quem, na verdade, decidiu, o ex-governador Jorge Viana. “Os meninos da executiva só estão cumprindo ordem dele”, disse a prefeita mais bem avaliada do Acre, 8 horas depois de ser informada sobre o ‘convite’ para deixar o PT.
Fernanda é prefeita de Brasileia há seis anos. Se reelegeu com certa facilidade em 2020 catapultada pelos grandes feitos dos primeiros quatro anos. Antes de ser prefeita, foi secretária de comunicação do município e vereadora. Quase sempre liderou o PT na região, partido onde está filiada desde os 14 anos. De lá para cá já são 27 anos de militância. Na última eleição, deu o passo que rompeu o casamento de quase três décadas, ao apoiar a reeleição do governador Gladson Cameli.
A justificativa para apoiar Cameli, segundo a prefeita Fernanda, não é uma, é um rosário. Os altos investimentos feitos na região e a relação pessoal estabelecida por um dos governadores mais populares da história do Acre foram suficientes para, junto com todo o seu grupo, subir em seu palanque esse ano. “Foi uma decisão tomada com todo o nosso grupo”, diz ela.
O apoio deliberado a Cameli provocou a executiva estadual do PT, sobretudo depois da eleição de Lula. O partido ameaçou as expulsões e cumpriu, horas depois da diplomação do presidente eleito, nesta segunda. Fernanda disse ao Acrenews está tranquila, com a sensação de ter cumprido seu ciclo na sigla. Mesmo serena, dispara sua metralhadora para expor, finalmente, uma relação que sempre foi tensa com o ex-governador e ex-senador Jorge Viana, que segundo Fernanda, está longe de ser um líder nato. “O irmão dele (Tião Viana) tem diálogo. Ele não”, desabafa.
Fernanda disse que mesmo expulsa sai pela porta da frente. Sobre um novo partido, faz segredo, embora seja público o convite do governador Gladson para ela se filiar no PP, assim como é clara a lisonja dela ao aceno. Ela adia para março. “Depois do Carnaval a gente anuncia nossa nova casa”, promete. Quanto ao futuro político, também é cedo. Disse que a ideia de disputar a prefeitura de Epitaciolândia é uma empolgação de seu irmão, o deputado estadual eleito Tadeu Hassem (Republicanos). “Ele tem razão para isso porque tem os números de lá, foi o deputado mais votado lá, mas isso, confesso, não passou pela minha cabeça. Não sei mais na frente”, deixa a dúvida.