A deputada Carla Zambelli, o deputado Nikolas Ferreira, o mais votado do país, e o deputado Daniel Silveira estão incitando um golpe de Estado a extremistas que vêm bloqueando rodovias em todo o país. O pano de fundo é o silêncio de Jair Bolsonaro após a derrota para Lula no domingo (30/10), que já chega a 40 horas.
“Moraes acha que tem o poder de decidir funções do Executivo. Não tem. Ordens ilegais não se cumprem”, disse Zambelli nesta segunda-feira (31/10), após o ministro Alexandre de Moraes mandar que a Polícia Rodoviária Federal e as PMs liberassem as vias ocupadas ilegalmente pelos extremistas. Zambelli chamou os extremistas de “ativistas”.
Na manhã desta terça-feira (1º/11), o país amanheceu com 271 bloqueios em estradas, mesmo após a decisão do Supremo. Os estados com mais bloqueios são Pará, Mato Grosso e Minas Gerais. Se os bloqueios se prolongarem, há risco de alta de preços de combustíveis em breve.
Em um vídeo no mesmo dia, Zambelli acusou, sem provas, uma fraude eleitoral. “O resultado dessa eleição não reflete o sentimento da maioria da população”, disse, o que é falso. Em uma apuração sem qualquer indício de fraude, Lula recebeu mais votos do que Bolsonaro e, portanto, será o novo presidente. Zambelli não questionou as urnas quando Bolsonaro venceu em 2018, nem sequer agora em 2022, quando ela mesma se reelegeu à Câmara.
Na semana passada, véspera do segundo turno, Zambelli perseguiu com uma arma um homem negro em São Paulo. Também criticou a lei eleitoral, que restringe o uso de armas no dia da votação.
Nikolas Ferreira, o deputado mais votado nesta eleição e que não questionou esse resultado, escreveu na segunda-feira (31/10) que “Soldado que vai à guerra e tem medo de morrer é um covarde”, enquanto extremistas bloqueavam dezenas de rodovias em todo o país.
O deputado Daniel Silveira, por sua vez, que foi condenado pelo STF por ameaçar ministros e atacar a democracia, enviou um áudio em que volta a acusar, sem provas, um “golpe” das urnas.
“Não adianta agora a reclusão de todos nós, a reclusão dele nos dá um recado claro. Golpe, não. Nós sofremos um golpe por um algoritmo, sistema que se perpetua há 26 anos, desrespeitando princípios constitucionais basilares. O silêncio do presidente diz muito. Talvez aquele ‘eu autorizo’ deve ser para você se autorizar. Agora é o momento”, afirmou Silveira, que foi derrotado na eleição para o Senado.
A primeira-dama Michelle Bolsonaro e Jair Renan, um dos filhos de Bolsonaro, também publicaram mensagens nas redes sociais em meio ao bloqueio ilegal de estradas. As duas mensagens foram acenos sutis a Bolsonaro, com estímulos genéricos a “não desistir”. “Não desampararás, nem desistirás”, escreveu Michelle.
Jair Renan afirmou o seguinte: “Verás que teu filho não foge à luta! O diabo me viu de cabeça baixa e sorriu, mas só até eu dizer amém. Eu carrego Bolsonaro em meu nome!”.