Em um país onde 85% da população é composta por trabalhadores imigrantes, apenas um quarto da população do Catar pertencente ao sexo feminino — e as circunstâncias em que essas mulheres preocupa quem olha de fora. Entre os motivos destes anseios estão, por exemplo, o regime de tutela masculina, a violência doméstica e os feminicídios no emirado.
“Imagine um lugar em que você não pode nem ter organizações que defendam os direitos das mulheres”, afirma Maria Laura Canineu, diretora do escritório brasileiro da ONG Human Rights Watch (HRW), em entrevista ao g1.
Um relatório da organização publicado em fevereiro de 2021 revelou que a falta de uma lei que proteja as mulheres contra a violência doméstica permite que abusos físicos e psicológicos sejam conduzidos sem consequências.
Para a catariana Zarqa Parvez, que é professora na Universidade Georgetown e estuda a relação entre a relação das mulheres com a formação da identidade nacional do Catar, os feminicídios são o maior problema enfrentado pela população feminina do país. No entanto, ela não acredita que a criação de uma lei para a proteção feminina será o suficiente.
De acordo com ela, é necessário mudar a forma com que as pessoas enxergam a violência doméstica no emirado, pois muitas vezes os abusos são naturalizados.
“Nossa cultura é muito ‘particular’, assuntos como esse são colocados na esfera privada, pois pertencem à família. Portanto, uma mulher não só não pode relatar [o abuso], como, já que não há mecanismo para ajudá-la depois, ela não tem para onde ir”, conta Parvez.
UOL