Militante em favor da democracia, Alaa Abdel Fattah foi uma das principais figuras da revolta popular que levou à queda do ditador egípcio Hosni Mubarak em 2011, durante as manifestações da Revolta Árabe. Condenado a cinco anos de prisão por “divulgação de informações falsas”, Fattah começou uma greve de fome há mais de 200 dias e tenta chamar a atenção do mundo para seu caso durante a Cúpula do Clima COP27.
Em greve de fome, Fattah se alimentava desde 2 de abril apenas com chá com leite e uma colher de mel por dia, segundo sua família. A partir deste domingo (6), quando começa a Cúpula do Clima no Egito, o militante interrompeu toda e qualquer forma de nutrição, colocando em risco sua própria vida.
Opositor do governo egípcio, Fattah está preso desde 2019 e foi condenado a cinco anos de detenção por “divulgação de informações falsas”. Ele e sua família denunciam à comunidade internacional uma prisão política para calar este ativista da democracia.
Liderança de oposição
Aos 40 anos, Alaa Abdel Fattah é o preso mais conhecido do Egito. Programador por formação, este militante político foi um dos ícones da revolta de 2011 no Egito que levou ao fim o governo de Hosni Mubarak.
Desde então, o ativista continuou a usar sua voz para pedir por democracia e fazer oposição aos governantes do país, motivo que o levou diversas vezes à prisão.
Entre 2014 e 2019, Fattah ficou preso por participar de uma manifestação. Liberado da detenção, o ativista aproveitou de sua liberdade por apenas seis meses, quando foi novamente detido após ter publicado um tweet sobre a morte suspeita de um prisioneiro.
Em 2020, seu nome passou a fazer parte da lista de terroristas do governo egípcio e, em dezembro, ele foi condenado a cinco anos de prisão por “divulgação de informações falsas”.
À época, sua mãe, Laila Soueif, denunciou as condições injustas do processo. “Esta não é uma condenação judicial, é uma decisão política”, afirmou. Segundo a família, os advogados de Fattah não tiveram acesso à acusação antes do julgamento.
Diante disso, Fattah decidiu em abril começar uma greve de fome.
Denúncia de prisão política
Desde abril, Fattah tem nacionalidade britânica, o que permite que as autoridades do Reino Unido tentem negociar sua liberdade. No entanto, em sete meses o único avanço foi na melhora das condições de sua prisão.
Em maio, o prisioneiro foi transferido para a uma penitenciária que dispõe de um centro médico, a algumas centenas do Cairo, para reduzir a possibilidade de morte do famoso preso político. E, segundo sua família, passou a ter um colchão para dormir.
A interrupção total de sua nutrição agora é uma tentativa de usar os holofotes no Egito durante a Cúpula do Clima para lutar por sua liberdade.
No sábado (5), a família de Fattah recebeu uma mensagem de apoio do novo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak. “A participação do Reino Unido na COP27 é uma nova oportunidade de negociar o caso do seu irmão com as autoridades egípcias. Estamos totalmente comprometidos em resolver esse caso”, escreveu o primeiro-ministro britânico.
Alaa Abdel Fattah “é uma prioridade para o governo britânico tanto como militante dos direitos humanos quanto como cidadão britânico”, afirmou Sunak.
O caso de Fattah é apenas mais um dentro do que a Anistia Internacional chama de “Crise dos Direitos Humanos” no país governado por Abdel-Fattah al-Sissi desde 2014. A ONG estima a existência de cerca de 60 mil presos políticos no Egito.
Fonte: RFI