Mariana Jaspe, escritora e diretora do documentário “Flordelis: Questiona ou Adora”, no Globoplay, foi entrevistada na manhã desta segunda-feira (14) pelo programa ‘Encontro com Patrícia Poeta’ e contou que houve um racha na família após o assassinato do pastor Anderson do Carmo.
Ela também afirmou que “a família tinha uma narrativa própria de si”, mas que foi rompendo a partir do crime. Neste domingo (13), Flordelis dos Santos foi condenada a 50 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, além uso de documento falso e associação criminosa armada.
Jaspe destacou o que chamou a sua atenção na hora que a juíza Nearis Carvalho Arce, da 3ª Vara Criminal de Niterói, definiu a pena de Flordelis e de sua filha, Simone dos Santos Rodrigues.
“Na leitura da sentença, a Flordelis e a Simone ficaram em um corredor com os outros. A Rayane, a Marzy e o André estavam de mãos dadas com os advogados de defesa (dentro do plenário). Era o Tribunal do Juri e sempre é um momento de muitas emoções. Tem o destino de ali em jogo e não foi diferente. As famílias que estavam na plateia. Quando a sentença foi lida todo mundo entrou em uma catarse. Para eles, o que transpareceu, era o fim de uma grande história. Para uns o final feliz, e, para outros não”, afirma a roteirista.
Simone foi condenada a 31 anos e 4 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado e associação criminosa armada.
Mariana destaca que o que chamou a atenção foi a versão apresentada por Simone.
“Acho que uma grande mudança do discurso foi da Simone. Ela afirmava que deu dinheiro para o irmão arranjar o crime. Agora, ela muda a versão e diz que disse para proteger o irmão. Como ele estava condenado, ela poderia falar a verdade. Ela disse que comentou com o irmão que vinha sofrendo abusos do pastor Anderson do Carmo e como o irmão era uma pessoa muito esquentada, ele cometeu o crime. A grande mudança foi essa”, lembra.
A diretora afirmou o que chamou a atenção foi a construção de família. “É diferente da que estamos acostumados como padrão. Ali é uma família formada por filhos biológicos, adotivos no papel e os afetivos. São pessoas que passaram por aquela família e não necessariamente continuam. Essa questão da violência como eles tratavam ali, é complexa”, salienta Mariana.
Jaspe ainda destacou as versões contraditórias entre os próprios familiares. “Porque na mesma hora que você tem pessoas falando que isso acontecia (os abusos), outras diziam que não acontecia. Quando o crime acontece, é uma família que protegia muito bem a própria história. Uma família que construiu uma narrativa muito própria de si mesma. Então, quando crime acontece, essa camada de proteção se rompe e começamos a acessar pessoas e elas acessam dentro de si mesmo a história e revelam (o que acontecia ou não)”.
A documentário “Flordelis: Questiona ou Adora” tem seis capítulos. Os próximos dois episódios estarão disponíveis a partir da próxima sexta-feira (18).
Por g1 Rio