Recorde mundial: casal tem gêmeos com embriões congelados há 30 anos

Os gêmeos Lydia e Timothy Ridgeway nasceram no dia 31/10 e quebraram, no momento do parto, um novo recorde mundial. Gestados em 2022 a partir de embriões congelados em 1992, eles são considerados os embriões congelados por mais tempo a resultarem em nascimentos vivos, de acordo com o Centro Nacional de Doação de Embriões dos Estados Unidos.


O último embrião recordista foi a pequena Molly Gibson, nascida em 2007 de um embrião congelado há 26 anos.


O casal doador dos óvulos fecundados havia usado a fertilização in vitro, método no qual há a possibilidade de guardar os embriões não inseridos no útero da progenitora em um laboratório de fertilização.


Os geradores das células que resultaram em Lydia e Timothy esperavam que outro casal tivesse a chance de usar os embriões. Mas foi apenas em 2022 que Philip e Rachel Ridgeway realizaram o procedimento para inserir os cinco embriões e torcer para que pelo menos um sobrevivesse.


Experiência única

“Algo fascinante e que confunde nossas cabeças é que eu tinha cinco anos de idade quando Deus deu vida para Lydia e Timothy e foi a preservando desde então”, afirma Philip Ridgeway, o pai das crianças, em entrevista à CNN.


O pai dos gêmeos diz que, de certa forma, eles são os filhos mais velhos dele e da esposa, mesmo sendo os menores. O casal tem outros quatro filhos — de 8, 6, 3 e 1 ano –, e nenhum deles foi concebido por fertilização in vitro (FIV) ou por doação de embriões. Rachel e Phillip comparam o processo de fecundação com uma espécie de adoção.


“Adoção de embriões não é uma definição legalmente aceita. Ela não se trata de uma adoção convencional, que ocorre após o nascimento. Mas o termo ajuda as partes – tanto os pais quanto as crianças – a terem uma definição do processo de ter e criar um filho que não carrega os genes dos pais, mas que nasceu do útero da mãe”, explica, em nota, o Centro Nacional de Doação de Embriões.


“Chamado maior”

Para o casal que deu à luz aos gêmeos, construir a própria família era parte de um chamado maior. “Não estávamos procurando pelos embriões congelados há mais tempo, e sim os bebês que estavam esperando há mais tempo para nascer”, afirma Philip.


Para selecionar os embriões, o casal recorreu a um banco de dados de doadores. Nas informações constavam características dos doadores, como etnia, idade, peso e histórico de saúde, por exemplo. Também havia imagens dos doadores e simulações de como seria a aparência das crianças, caso nascessem.


Os Ridgeways escolheram os embriões que estavam no centro de doação há mais tempo. Dos cinco óvulos fertilizados da mesma família, apenas três estavam em condições viáveis para serem implantados no útero de Rachel. Mesmo com a indicação de inserir apenas um embrião por vez, ela insistiu na possibilidade de ter trigêmeos.


“Eu olhei para a foto dos três embriões e pensei: quero ter todos eles”, afirma a mãe das crianças.


Chances de sobrevivência

Os fetos foram inseridos em Rachel em março deste ano, quase três décadas após serem congelados. De acordo com especialistas, as chances de uma gestação a partir de embriões congelados resultar no nascimento de uma criança com vida é de 25% a 40%.


Segundo John Gordon, especialista em fertilização que atendeu os Ridgeway, o congelamento não causa nenhuma alteração nos embriões. Ele explica que é como se eles ficassem parados no tempo.


“Se você fica congelado a quase -200°C, os processos biológicos ficam praticamente parados. Dessa forma, não faz diferença se o embrião ficou armazenado por uma semana, um mês, um ano, uma década ou cem anos”, diz.


Para o casal que recebeu os embriões, a doação – ou adoção, como insistem em chamar o processo – foi uma dádiva divina. Eles estão muito felizes com a chegada dos gêmeos e comentam que os filhos biológicos acompanharam todas as etapas com os pais. Philip conta que os pequenos ficaram muito entusiasmados e curiosos durante a gestação e receberam os bebês com muito amor.


Metrópoles


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