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PRF solicita reforço para desbloquear vias após acusação de “omissão”

Foto: reprodução

Depois de ser acusada de “omissão e inércia” — conforme o despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal federal (STF), publicado na noite da última segunda-feira, determinando que a instituição agisse —, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) alegou, ontem, que não tem recursos para o desbloqueio de estradas, em todo o país, por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que não aceitam a vitória eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A instituição enviou um pedido de reforços à Força Nacional, além da solicitação de aeronaves à Polícia Federal (PF) para ajudar a desinterditar as rodovias.


O pedido foi assinado pelo diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e enviado ao STF e ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele afirma não ter capacidade técnica para desmobilizar todos os pontos de bloqueio. “Faz-se necessário o apoio da Força Nacional para união de esforços em busca do interesse público, cujo planejamento das operações se dará em reunião conjunta de trabalho entre as forças de segurança pública”, diz a solicitação.


Silvinei relata, ainda, que, para cumprir a decisão judicial de liberar as rodovias, é preciso apoio da PF “por meio da disponibilização de aeronaves para transporte de servidores e patrulhamento das áreas afetadas pelas supracitadas interdições”. O Ministério da Justiça confirmou que empenhará esforços e observou que “a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) possui uma Companhia de Pronta Resposta que pode ser acionada a qualquer momento para manter a ordem pública em todo o país”.


Descontrole

Mais cedo, porém, a cúpula da PRF tentou passar a imagem de que tinha a situação sob controle e de que agia desde o primeiro momento para impedir os bloqueios. Na coletiva que concedeu na parte da manhã — da qual Silvinei não participou devido a uma reunião, no mesmo horário, com o ministro da Justiça, Anderson Torres, segundo a versão que circulou antes da entrevista —, o diretor-executivo Marco Antônio Territo apresentou números que atestariam a efetividade da atuação dos agentes. Disse que até a meia noite da última segunda-feira 182 pessoas tinham sido autuadas com multas relativas ao Código de Trânsito Brasileiro — que vão de R$ 5 mil, para quem utiliza veículo para bloquear vias, a R$ 17 mil, para quem organiza a interdição.


No mesmo momento em que defendiam a atuação da PRF, governadores enviavam os efetivos das polícias militares a fim de restabelecer o fluxo de tráfego nas estradas. Em São Paulo, o choque da PM disparava bombas de efeito moral para reabrir o trânsito na rodovia Castello Branco. O mesmo acontecia em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, onde a Brigada Militar teve de agir energicamente pela desobstrução da BR-116. No Distrito Federal, o governador Ibaneis Rocha determinava o envio de uma tropa da PM para a reabertura da BR-251.


Indagado se a PRF não agiu tardiamente para impedir o bloqueio pelos bolsonaristas e se as ameaças de que isso aconteceria foram levadas a sério, o diretor de inteligência da PRF, Luis Carlos Reischak Júnior, disse que era “imprevisível” calcular a dimensão que as interdições tomariam. Além disso, ele culpou a “dificuldade de logística” para atuar na coerção das manifestações devido às dimensões continentais brasileiras.


Confraternização

A cúpula da PRF foi cobrada, também, sobre os vídeos que circularam nas redes sociais de agentes que pareciam estar se confraternizando com os bolsonaristas, em vez de cumprirem a lei e evitarem o fechamento do tráfego nas rodovias — em uma dessas imagens, o policial é saudado com abraços e cumprimentos ao afirmar que estava ali apenas para “acompanhar” o bloqueio ilegal da estrada. O diretor de Operações, Djairlon Henrique Moura, afirmou que os episódios — que, segundo ele, aconteceram em São Paulo (um) e Santa Catarina (dois) — estão sendo apurados.


“Os três agentes foram identificados, mas não foram afastados das funções e estão sendo orientados quanto à forma de proceder. Eles responderão a procedimentos para explicar o que aconteceu. Em nenhum momento a PRF foi passiva. Desde o primeiro momento a gente acompanhou o desenrolar das eleições”, ressaltou.


Mesmo garantindo que o efetivo da corporação foi reforçado em 400%, por meio do cancelamento de folgas para reforçar o efetivo de agentes nos locais mais críticos, a cúpula da PRF justificou que encontra dificuldades na identificação dos líderes dos bloqueios. E surpreendeu ao anunciar que também não conseguiu “identificar a pauta” que levou os bolsonaristas a interromperem o trânsito de dezenas de importantes rodovias do país.
Fonte: Correio Braziliense 

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