Já se passaram três dias desde que o pequeno Artur Miguel Lima da Silva, de 4 anos, foi encontrado sozinho no Centro de Rio Branco de bicicleta e foi levado ao Educandário Santa Margarida.
A mãe dele, a autônoma Nataniele Lima da Silva, de 24 anos, disse que recebeu nesta segunda-feira (21) a visita de uma técnica do abrigo e que ainda aguarda decisão judicial para conseguir levar a criança para casa.
“Ainda não consegui pegar ele. Hoje [segunda, 21] uma moça veio fazer visita aqui na minha casa. Eu estava indo na Defensoria Pública tentar ajuda quando ela chegou aqui. Ela fez perguntas, olhou a casa, antes de vir aqui, ela tinha ido lá no Cras onde a gente é acompanhado pelo projeto Criança Feliz, que vem duas vezes na semana aqui em casa para brincar com meus filhos. Ela também pegou aqui a carteira de vacina dele e foi lá na escola que ele estuda há alguns meses. Me disse que quando chegasse lá ia fazer o relatório e mandar para o juiz que ia decidir se eles iam entregar a criança ou não”, disse Nataniele.
Saiu para brincar e sumiu
Artur Miguel saiu de casa na manhã de sexta-feira (18) para brincar de bicicleta e desapareceu. A família mora no bairro Cidade Nova, no Segundo Distrito da capital acreana.
Ao acordar pela manhã, a mãe conta que a porta e o portão da casa estavam abertos e o menino não estava. Inicialmente, uma vizinha disse que ele estava na casa dela brincando, mas depois o menino sumiu e foi achado horas depois já do outro lado do rio, próximo ao Fórum Barão do Rio Branco, no Centro.
Para chegar ao local onde foi achado, ele precisou percorrer cerca de dois quilômetros e atravessar a ponte. Nataniele foi informada que um homem encontrou Artur perdido, ligou para a polícia, que levou a criança para o Conselho Tutelar. De lá, ele foi para o Educandário Santa Margarida.
Enquanto a criança era levada do Conselho Tutelar para o abrigo, a mãe diz que estava a procura pelas ruas do bairro. Ela diz que não sabia mais onde procurar e que nunca imaginou que ele teria atravessado a ponte. Nataniele acredita que Artur se perdeu e não conseguiu mais voltar para casa.
“Nunca na vida eu ia imaginar isso. Acho que ele foi e não soube voltar. Eu costumo levar ele até a Gameleira, a pracinha da Cidade Nova, mas passando dali acho que ele não soube voltar. Quando vi que ele não ia voltar, postei nas redes sociais e liguei para a polícia. Ele não é acostumado a fazer isso, fica brincando em frente de casa, mas não sai dali. Ele estava no conselho tutelar perto de casa, eu nunca imaginei que ele estivesse lá. Passei várias vezes lá pela frente, se tivesse pelo menos visto a bicicleta dele lá eu tinha parado e entrado, mas não vi. Não procuraram a família, tinham que ter procurado para depois mandar para o Educandário”, disse a mãe.
Ao g1, o coordenador do Educandário, Eduardo Vieira informou no sábado (19) que o caso foi comunicado ao judiciário e que nesta segunda um técnico visitaria a casa da família para elaboração de um relatório.
“Nós fizemos todo o comunicado, todo procedimento, mas segunda-feira o técnico do Educandário vai ter que visitar a casa da mãe, fazer o relatório, encaminhar ao juizado, e é com base nisso que eles fazem a liberação. Nós fizemos o comunicado ontem [sexta, 18] ao judiciário no momento do acolhimento. Mas, agora eles ficam aguardando que seja feita a visita domiciliar”, informou Vieira.
Conselho tutelar diz que tomou todas as medidas
O conselheiro tutelar que atendeu o caso da criança, Cleib Lubiana de Araújo, afirmou que todas as medidas cabíveis foram tomadas e que Artur foi levado ao Educandário por não ter sido encontrado nenhum parente.
“Não tivemos nenhum outro dado, ou informação sobre os pais devido à criança ser muito pequena. Fui informado pelas pessoas que estavam com a criança que alguém teria tentado encontrar algum parente, mas ninguém sabia. Então, por volta de 14h, nós elaboramos o encaminhamento, que de fato é uma das medidas mais extremadas do acolhimento, isso acontece quando não existe nenhum contato com os pais ou responsáveis, ou família extensa. Levamos a criança para o Educandário por volta das 14h30. E há relatos que 11h essa criança estaria andando de bicicleta nessa parte da cidade. Disseram que mora na Cidade Nova, o que é um outro grande absurdo, não sei como essa criança chegou nesse local, ou atravessou a ponte ou atravessou de catraia”, disse o conselheiro.
Araújo afirmou ainda que se tivesse localizado os pais antes de levar a criança ao abrigo, teria sido feita avaliação das condições dos pais e, certamente, aplicado advertência. Segundo ele, há informação de que não é a primeira vez que o menino é visto naquelas redondezas sozinho e que o caso deve continuar sendo acompanhado de perto pelo Conselho Tutelar. A mãe negou que a criança já tivesse ido sozinha para aquelas redondezas.
“A criança estava em outra parte da cidade, isso é inadmissível, teve um erro grave aí quanto aos cuidados por parte dos pais, dos responsáveis envolvidos e isso, certamente, vai ser observado pelo juiz, uma vez que ela retome aí a convivência com a criança. A gente também vai ter que acompanhar isso de perto, acionar os outros órgãos que acharmos necessário também”, concluiu.
Fonte: G1ACRE