Jovem Yanomami é ferido com arma de fogo por garimpeiros bêbados, denuncia Conselho

Um jovem Yanomami, de 25 anos, ficou ferido após ser atacado por garimpeiros armados na Região do Homoxi, na Terra Indígena Yanomami. A informação foi divulgada, nessa segunda-feira (31), em um ofício emitido pelo Conselho Distrital De Saúde Indígena Yanomami/Ye’kuana (Condisi-YY).


O ofício foi enviado para o Ministério Público Federal em Roraima, para a Fundação Nacional do Índio (Funai) e para a Polícia Federal. O g1 procurou os órgãos, mas até o momento não obteve resposta.


O ataque ocorreu no último domingo (30), conforme o documento. A vítima estava indo ao posto de saúde, quando garimpeiros alcoolizados o atacaram, ferindo com três tiros de arma de fogo sua mão e orelha.


O jovem também teve ferimentos na mão, disse Condisi-YY — Foto: Divulgação/Condisi-YY

O jovem também teve ferimentos na mão, disse Condisi-YY — Foto: Divulgação/Condisi-YY

O jovem está internado na Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) de Surucucu e sendo avaliado por médicos. O documento também destacou que após o ataque o dia a dia da região tem sido tenso, com ameaças de novos conflitos.


O Condisi-YY finaliza destacando a necessidade de forças policiais para investigação do ocorrido e realizar a proteção da comunidade, “com urgência”.


Nas redes sociais, o presidente do Condisi-YY, Junior Hekurari, disse que o ataque é um retrato do que os indígenas Yanomami seguem sofrendo.


“Essas são marcas da violência dos garimpeiros dentro das comunidades Yanomami, é um retrato claro do que sofremos dentro de nossas casas, no meio da nossa família, estamos cansados de sermos feridos pelos invasores, cansados de sermos machucados e mortos”, publicou a liderança.



Terra Indígena Yanomami

Maior reserva indígena do país, a Terra Indígena Yanomami é alvo recorrente de garimpeiros que extraem ouro e cassiterita da floresta. A ação impacta diretamente na vida dos indígenas, os mais afetados pela destruição ambiental causada pela exploração dos minérios.


A área é alvo do garimpo ilegal de ouro desde a década de 1980. Mas, nos últimos anos, essa busca pelo minério se intensificou, causando além de conflitos armados, a degradação da floresta e ameaça a saúde dos indígenas


A estimativa é que mais de 20 mil garimpeiros atuam ilegalmente na reserva, onde vivem mais de 28 mil pessoas do povo Yanomami.


A invasão garimpeira causa a contaminação dos rios, o que reflete na saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam quadros severos de desnutrição por conta do escasseamento dos alimentos.


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