Pessoas com síndrome asmática podem vivenciar o oposto de sensações prazerosas quando estiverem com um parceiro entre quatro paredes. Um estudo norte-americano revelou que relações sexuais podem desencadear crises de asma para pessoas que convivem com essa doença, que estreita os canais de ar dos pulmões e causa falta de ar.
A descoberta foi feita por cientistas do Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia, situado em Illinois (EUA), e os resultados foram apresentados na Reunião Científica Anual do Colégio nesta quinta-feira (10/11), no Kentucky.
Para os pesquisadores, grande parte das pessoas asmáticas já podem ter vivenciado uma crise após o sexo, mas não relacionaram os fatos por não considerar a relação sexual um tipo de exercício físico. Os esforços físicos são uma das principais causas do desenvolvimento de crises, atingindo cerca de 90% dos asmáticos, afirmam os especialistas.
“Muitas pessoas não percebem que o gasto de energia da atividade sexual é equivalente a subir dois lances de escada. Os casos relatados são pouco frequentes, possivelmente porque aqueles que sofrem um surto de asma podem não perceber o gatilho”, explica Ariel Leung, médico e autor principal do estudo.
O estudo vem, segundo os pesquisadores, para constatar uma realidade que existe: por ser uma atividade física o sexo pode causar crises. O intuito, então, com o documento é unificar casos relatados por pacientes dos EUA e criar um entendimento único para a comunidade científica e para a sociedade, para que “haja conscientização e o paciente saiba como se prevenir” e não sofrer riscos quando estiver com parceiros.
Para os pesquisadores, a falta de relatos indica uma subnotificação de casos causada pelo próprio paciente, que se envergonha de falar com o alergista sobre o ocorrido. “As pessoas podem não se sentir à vontade para discutir com seu alergista uma crise de asma causada pelo sexo. Mas os alergistas são especialistas no diagnóstico, tratamento e manejo da asma. Se alguém pudesse orientar um paciente sobre como evitar uma crise de asma no futuro, seria o alergista”, pontua Leung.
“Quando a asma induzida por atividade sexual é identificada e tratada adequadamente, os alergistas são mais capazes de melhorar a qualidade de vida de seus pacientes”, acrescenta. O estudo é um esforço para que os alergistas se alertem para o caso e façam a relação com as queixas do paciente, para melhor orientá-lo.
A boa notícia é que, por ser um exercício físico, a medicina atual permite que o asmático continue a fazer a atividade, desde que se prepare para ela. “A fisiopatologia da asma induzida por relações sexuais espelha a asma induzida por exercícios, então faz sentido que seu tratamento seja semelhante. Assim, recomendamos que os pacientes tomem seu inalador com a medicação contra ataques cerca de 30 minutos antes da relação sexual para evitar uma crise de asma”, aconselha.
Leung finaliza com um conselho um tanto amoroso, mas também científico, para aqueles que se sentirem incomodados em compartilhar com o parceiro que precisa de um remédio antes do ato. “Alguns pacientes podem pensar que isso tira o romance do ato, mas nada é mais romântico do que cuidar de si mesmo e, para o parceiro, não ver quem gosta em um ataque de asma”, pontuou.