As informações divulgadas são do jornal britânico The Telegraph. As análises são de um estudo australiano que pesquisou 149 morcegos na província de Yunnan, cidade que faz fronteira com Laos e Mianmar.
Ao total, foram identificados 5 vírus “provavelmente patogênicos para humanos ou gados”. Entre os encontrados está um tipo de coronavírus com semelhanças importantes simultaneamente ao SARS-CoV-2 (causador da Covid-19) e o vírus da SARS — Síndrome Respiratória Aguda Grave.
“Isso significa que vírus semelhantes ao SARS-CoV-2 ainda estão circulando em morcegos chineses e continuam representando um risco de emergência sanitária”, afirma o professor Eddie Holmes, biólogo e virologista da Universidade de Sydney, coautor do estudo.
A pesquisa, pré-publicada na última quarta-feira (23/11) na BioRXiv, deverá passar por revisão de outros cientistas antes da publicação final.
O estudo mostrou que os morcegos são fontes naturais de constantes reinfecções simultâneas de diversos vírus — mostrando o potencial destes animais em abrigar microrganismos que podem trocar material genético, formando novos tipos de vírus.
“A principal mensagem para levar para casa é que os morcegos podem abrigar uma infinidade de diferentes espécies de vírus, ocasionalmente hospedando-os ao mesmo tempo”, disse o professor Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham.
“Essas coinfecções, especialmente com vírus relacionados como o coronavírus, dão aos vírus a oportunidade de trocarem informações genéticas críticas, dando origem naturalmente a novas variantes”, disse.
Ainda segundo o jornal The Telegraph, mais de 400.000 pessoas são infectadas anualmente por diversos vírus transmitidos de morcegos no sul da China e outros países do sudeste asiático, de acordo com as estimativas mais atuais.
Dos 5 encontrados, o vírus BtSY2 é o que causa mais preocupação, por apresentar, ao mesmo tempo, características dos vírus causadores da Covid-19 e da SARS. A SARS matou 774 pessoas em um surto em 2003 onde 8.000 foram infectados.
O vírus BtSY2 possui os mesmos receptores de ligação da proteína spike do coronavírus. Estes receptores podem, facilmente, se ligar às células humanas. Isso é um forte fator sugestivo de que este vírus pode ter o mesmo potencial de nos infectar.
A pesquisa atual não explica como o vírus da Covid-19 “saltou” dos morcegos para humanos, mas também não exclui a possibilidade de vazamento de algum laboratório. Os estudos são importantes para acompanhar como o vírus da Covid-19 evolui nos morcegos e seu potencial de causar novas infecções futuras.
Fonte(s): The Telegraph / BioRxiv Imagem de Capa: Divulgação / NIAID
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