Filas em postos de combustíveis, falta do produto em alguns postos, escassez de alimentos perecíveis, redução da frota de ônibus. Estes são alguns problemas causados pela interdição da BR-364, em Rondônia, estrada que liga o Acre ao restante do país. Pouco de mais de 20 dias após o resultado das eleições 2022, o estado acreano sofre prejuízos financeiros e está sob risco de colapso no comércio.
Nesta terça-feira, 22, os manifestantes, que contestam o resultado das urnas e não aceitam a derrota do presidente Jair Bolsonaro, mantém a BR 364 fechada, em três pontos, no estado vizinho, conforme atualização da Polícia Rodoviária Federal (PRF), de 10h30 (horário de Rondônia), e mais um na BR-425.
“Já existe o desabastecimento real. Tem alguns postos fechados, e a tendência é que, se isso não se reverter até o final da semana, a gente vai ter um problema bem grande mesmo. Nos supermercados, também os produtos perecíveis já estão com bastante restrição, e transportadoras de São Paulo estão negando carga. Não estão carregando lá, porque sabem que tem vários pontos de obstrução nas estradas”, disse o presidente da Associação Comercial do Acre (Acisa), Marcello Moura.
Moura afirma que, mesmo com a liberação da estrada, a situação ainda levará um tempo para normalizar, já que tem um tempo para a logística do trânsito.
“O cenário é bem complicado porque, como a gente tem um trânsito com um tempo de, mais ou menos, sete a oito dias até chegar aqui, é bem ruim, porque, pra normalizar, depois que abrir, leva em torno de 10 a 12 dias. A gente corre risco de um colapso, sim. E a população começa a estocar, consome até o que não precisa, quando tem risco de falta”, acrescentou.
A situação crítica fez a empresa responsável pelo transporte público da capital acreana reduzir a frota em 30%, nesta terça, por falta de diesel suficiente. Dos 101 carros que circulam nos dias úteis, apenas 71 estão sendo utilizados.
Tratativas
O presidente da Acisa pontua ainda que está sendo mobilizada uma conversa com o governo para buscar meios de tentar a desobstrução.
“Estamos em contato com a Casa Civil, para tentar, com o governo de Rondônia e Mato Grosso, criar uma frente de discussão, para a gente ver o que dá para ser feito. A população não tem que pagar por estes problemas. Então, estamos tentando esta interlocução, inclusive, com os parlamentares, para criar um grupo para tentar negociar e desobstruir”, explica.
Em nota, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Acre (Sindepac) disse que, nesse momento, é necessário que o governo intervenha no sentido de buscar uma solução.
“Entendemos que há a necessidade urgente do poder público, através do Governo Estado do Acre, intervir nesta questão junto ao Governo do Estado de Rondônia, buscando uma solução para desobstrução da estrada e garantir a segurança das pessoas e veículos que circulam pela mesma, haja vista que há relatos de ameaças a integridade física de motoristas e vandalismos com os veículos, pois caso contrário, corremos um sério risco de desabastecimento de combustível na capital e interior nos próximos dias, bem como desabastecimento de outros produtos alimentícios, bens duráreis e perecíveis que chegam ao Estado do Acre por meio da estrada BR-364”, diz.
A GAZETA entrou em contato com o governo para saber se há em pauta alguma tratativa no sentido de buscar a liberação da estrada e aguarda resposta.
Pontos de bloqueios
-Distrito de Nova Califórnia, BR-364, km 1070;
-Distrito de Extrema, BR-364, km 1040;
-Distrito de Vista Alegre do Abunã, BR-364, km 938;
-Nova Mamoré, BR-425, km 96.
A Gazeta do Acre/Alcinete Gadelha