Este mês, o Acre chegou a registrar novos casos de Covid e tem preocupado autoridades. Na manhã desta segunda-feira (28), o movimento na UPA Franco Silva, na regional da Sobral, foi intenso. Muita gente foi até a unidade em busca de atendimento durante a semana, 2.415 pessoas foram atendidas na unidade, com uma média de 345 atendimentos por dia. Só entre sábado (26) e domingo (27), foram mais de 660 atendimentos.
“Aqui a gente não para. O atendimento é todo dia, estamos fazendo revezamento para que possamos atender melhor ainda a comunidade, a comunidade não fica desassistida de jeito nenhum. Em termos de médicos, estamos com três médicos no ambulatório e mais um médico na emergência e a UPA já está ficando superlotada”, Paulo César Leite, gerente http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo da UPA Franco Silva.
Já na UPA Via Verde, no Segundo Distrito da cidade, a situação não foi diferente. O cenário era unidade lotada, com gente esperando em pé pra ser atendida.
O governo do Acre publicou, no dia 14 de outubro, um decreto que revogou a criação Pacto Acre Sem Covid, que determinava as regras e funcionamento do Comitê de Acompanhamento Especial da Covid-19 e, com isso, os boletins de casos novos da doença passaram a ser semanais. Porém, desde o dia 17 de novembro, isso mudou e, com o aumento dos casos, os informativos voltaram a ser diários. Em 12 dias, o Acre registrou 1.172 casos novos de Covid-19.
Aumento de atendimentos
Na última semana, a UPA da Via Verde atendeu 2.280 pessoas. Desse total, aproximadamente 70% com sintomas de síndrome gripal. “Nessa última semana nós tivemos uma média de 370 atendimentos por dia na UPA Via Verde. Nós tivemos aí um pico muito grande nessa última semana e que levou a UPA a atender esse número de usuários que nos procuram”, disse Carlos Cardoso, gerente-geral da Upa Via Verde.
Ele destaca ainda que foram feitos quase 200 testes para a detecção da Covid-19 somente nesse fim de semana.
“A UPA Via verde está atendendo sua demanda e atendendo também a demanda que é do município, então temos um atendimento, até às 9h, de 125 pessoas, a maioria é da atenção primária, atenção básica, mas estamos atendendo. Hoje, as três UPAS e o pronto-socorro está atendendo a demanda que é de responsabilidade do município e que, infelizmente, eles não têm médicos nas unidades e a população tem que ser atendida. O governo do estado, através da Secretaria de Saúde, não deixa esse paciente desassistido, então, estamos hoje com o nosso quadro de médicos para atender essa demanda que procura essas unidades do estado”, finaliza.
Cenário da Covid no estado
O novo boletim da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) registrou, nesta terça-feira (29), 43 casos novos nas últimas 24 horas. Desta forma, sobe para 153.730 o número de infectados no Acre. Não houve registro de mortes, assim 2.029 pessoas perderam a vida para a doença no estado.
Desde o início da pandemia, o Acre registrou 360.512 notificações de contaminação pela doença, sendo que 206.767 casos foram descartados e 15 exames de RT-PCR aguardam análise do Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen). Pelo menos 150.293 pessoas já receberam alta médica da doença.
Após aumento de casos de Covid no Acre, a Saúde voltou a recomendar uso de máscaras em locais fechados ou de aglomeração. A orientação foi divulgada no último dia 21, durante entrevista coletiva com representantes da pasta.
Os meses mais letais no Acre desde o início da pandemia foram março e abriu de 2021, quando foram registradas 254 e 267 mortes pela doença. Já este ano, o mês com maior número de mortes foi fevereiro, quando 100 pessoas foram vítimas da Covid. Foi também em fevereiro deste ano que tivemos o maior registros de casos novos da doença, chegando a 19.323 casos novos – o maior registro desde o início da pandemia.
A taxa de contaminação no estado é de 16.951 para cada 100 mil habitantes. Já a de letalidade está em 224 para cada 100 mil habitantes. O índice de letalidade está em 1,3%.
Vacinação no Acre
Das 841.771 pessoas aptas a tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19 no Acre, 145.152 ainda não tomaram o imunizante. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), que tem reforçado a campanha de vacinação após o estado acreano voltar a registrar casos da doença. Esse público varia de 3 a mais de 60 anos de idade.
O infectologista Eduardo Farias explica que a cobertura vacinal precisa ser ampliada para que a população esteja segura nesse momento de alerta por conta da confirmação em vários estados da subvariante BQ.1 do coronavírus. “Se você tem uma população bem vacinada, você tem o que a gente chama de uma boa barreira imunológica coletiva”, aponta.
O especialista ressalta que os cuidados preventivos adotados desde o início da pandemia seguem válidos para esse momento.
“Os protocolos que já são conhecidos e que estão sendo aplicados no Brasil e no mundo, são ainda muito eficazes e necessários nesse momento. O uso de máscaras, que sejam adequadas, cubram a boca, nariz e queixo, essas máscaras funcionam como barreiras físicas para o vírus, mas também [é importante] evitar aglomerações, evitar locais fechados, evitar também estar próximo de pessoas confirmadas com Covid, e acima de tudo a higienização das mãos com álcool em gel ou álcool 70%, ou até mesmo com água e sabão. São medidas simples, mas eficazes, e foram comprovadas.”, aponta.
Reforço é necessário
Para o epidemiologista Jesem Orellana da Fiocruz-Amazônia, o momento ainda requer atenção e recorrer às vacinas é a única forma de evitarmos alguns cenários que já foram registrados no estado, como leitos lotados e mortes pela doença.
“Manter o esquema vacinal completo é algo fundamental, principalmente quando estamos falando de uma doença como a Covid-19 que já matou milhões de pessoas pelo mundo. É hora de entender que essas vacinas não fazem mal, muito pelo contrário, elas protegem, e por elas saímos daquele cenário trágico que vivemos ao longo de 2020 e 2021”, destacou.
Com o aumento no número de casos da Covid-19 e o descobrimento de mais uma variante circulando no país, a Ômicron BQ.1, o epidemiologista reforça que a forma mais eficaz para evitar que a nova variante se espalhe no estado é a imunização
“Infelizmente a imunidade contra o novo coronavírus vai diminuindo ao longo do tempo. E, por isso, é necessário tomar uma, duas, três ou quantas doses de reforço forem necessárias. Sobre as variantes e subvariantes, principalmente da Ômicron, as vacinas continuam funcionando muito bem, independente de terem sido fabricadas com as informações das novas variantes”, completa Orellana.
Fonte: G1ACRE