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Clientela encontra dificuldades para comprar açaí no principal mercado da capital

“Tô feito doida procurando açaí, e tá difícil, viu! Lá em casa, meus meninos não vivem sem o açaizinho. Aqui, quando se encontra, é o olho da cara. Tá cada vez mais caro!”. O desabafo é da dona Albertina Soares, 42 anos, sobre um problema antigo e que nessa época não passa despercebido por quem consome o autêntico fruto amazônico.


No mais tradicional mercado público de Rio Branco – Elias Mansour – localizado no centro da cidade, é notório que a clientela vem enfrentando dificuldades para achar a polpa do açaí. O desabastecimento é justificado pelo período da entressafra. Além de mudar o ritmo da cultura do consumo do açaí pela população, o comércio na região também sofre consequências.


Há 20 anos no Elias Mansour, Railton Linhas fala que o desabastecimento é normal, nos últimos três meses do ano, onde os produtores enfrentam dificuldades para colher os cachos do fruto. Alguns passam meses nas matas nativas, e quando acabam as colheitas, se esforçam para trabalhar nas áreas de açaí de planta de touceira, da região.


Na falta do açaí, população leva para casa a bacaba e o buriti como alternativa (Foto: Wanglézio Braga)

“Essas duas formas de colheita e produção, de touceira e de nativa, acontecem durante quase todo o ano. Chega a um tempo que realmente não tem de onde tirar os frutos, né? (…) Mas, quem tem um bom distribuidor, não falta açaí para vender. É preciso ter sorte e planejamento”, explica.


O vendedor Antônio, um dos mais antigos proprietários de bancas no mercado, justifica que o aumento do litro do açaí é inevitável. “Na safra, o litro é vendido a R$ 8 a R$ 10 reais. Já neste período, o valor sobe para R$ 15 a R$ 20 reais, cada litro”, comenta.


Seu Antônio acredita que falta incentivo para os produtores. Na opinião dele, é preciso investimentos no setor para garantir o consumo mesmo em épocas de entressafra. “A gente não vê investimentos ou incentivos nesse setor, né? Acho que é preciso mudar essa realidade (…) Ajudaria bastante o comércio e o cliente ficaria bastante satisfeita”, ressalta.


Vendedor de açaí diz que falta incentivo aos produtores para garantir açaí nos mercados (Foto Wanglézio Braga)

Na falta do açaí, outros frutos são oferecidos pelos empresários. Na lista, a bacaba e o buriti. Na cultura popular, esses são chamados de “primos” do açaí. O litro deles, de cada um, é vendido entre R$ 8 a R$ 10 reais. As bancas que fazem até promoção quando são levadas em grandes quantidades.


Se o valor de mercado é convidativo, imagina o valor nutricional desses produtos. O buriti, por exemplo, é fonte de betacaroteno, poderoso antioxidante para renovação celular, ajudando a fortalecer o sistema imunológico, fonte de fibras, auxiliando no bom funcionamento do intestino.


Já a bacaba tem propriedades hidratantes, emolientes, é rico em ácidos graxos insaturados (ácidos graxos linoleico e oleico), faz muito bem à pele. É nutritivo, revitalizante, antirrugas, antienvelhecimento precoce.


Por Wanglézio Braga/Acre News


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