Falar de Marília Mendonça para Teresa de Jesus Vieira, de 80 anos, avó da cantora, ainda é difícil sem que ela se emocione e precise fazer pausas para retomar o ânimo. A imagem da neta a chamando de “minha vózinha” está tão recente e presente que a idosa não teve coragem de voltar à casa da cantora depois que ela morreu, há um ano, num acidente de avião, o qual também causou a morte de Abicelí Silveira, filho de Teresa que trabalhava com a artista.
“Esse ano foi de muita tristeza, meu coração dói até na alma. Esses dias eu fiquei chorando, relembrando deles, me dá muita saudade”, desabafou Teresa.
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Teresa Vieira, avó de Marília Mendonça, relembra infância da cantora em Goiânia, Goiás — Foto: Rafael Oliveira/g1 Goiás
Marília Mendonça morreu com 26 anos em um acidente aéreo. A cantora estava a caminho de um show marcado em Caratinga (MG), com o tio e o produtor Henrique Ribeiro. O avião caiu perto de uma cachoeira. Além dos três, morreram o piloto e o co-piloto. Marília e Abicelí foram enterrados em Goiânia.
A notícia do acidente com o avião chegou para Teresa por meio de parentes, mas a confirmação da morte veio minutos depois, de forma traumática, segundo ela: pela televisão.
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Tereza mostra a almofada com imagem de Marília Mendonça que ganhou de presente em Goiânia, Goiás — Foto: Rafael Oliveira/g1 Goiás
A sala da casa de Teresa, onde ela passa boa parte do dia, é um cantinho que ela separou para fazer uma homenagem pessoal para a neta e o filho. Viúva, a aposentada tem 5 filhos, sendo que dois morreram, 10 netos e 6 bisnetos.
Na parede, tem fotos da Marília pequena, adolescente e junto com o cantor Murilo Huff, que é pai do filho da artista, além de imagens no início da carreira e até um travesseiro com imagem dela.
Apesar da grande quantidade de shows, a avó conta que Marília a visitava sempre que podia. Como neta, a cantora era muito atenciosa e era um “pedaço de ouro”, como a avó gosta de falar.
Abicelí, assim como Marília, visitava a mãe toda vez que estava em Goiânia. Segundo a avó, a cantora e o tio eram muito próximos e viviam juntos em quase todos os lugares.
“Ele [Abicelí] vinha direto me ver em casa. A Marília tinha o Abicelí como um pai, era o companheirão dela. E os dois acabaram morrendo juntos. Oro por eles todos os dias”, conta Teresa.
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Marília Mendonça no início da carreira em Goiânia, em Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Teresa Vieira
Mostrando a casa ao receber a reportagem do g1 Goiás e do Popular, Teresa contou que o esposo, que morreu há três anos, deu o primeiro violão de presente para a Marília começar a tocar. O instrumento foi levado pela cantora durante mudança de residência.
“Ela e o avô tocavam e cantavam juntos embaixo de uma árvore na rua aqui de casa. Aqui em casa, a Marília ficava muito quieta no canto, escrevendo as coisas dela. Assim, minha neta cresceu e virou uma grande mulher: forte e determinada”, contou Teresa.
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Avó de Marília Mendonça guarda fotos da cantora adolescente, do casamento da neta e do filho que morreu junto com ela, em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Teresa Vieira
Sair de casa depois de tantas perdas virou um martírio para a idosa.
“Muito difícil para mim sair daqui. Eu ainda ia à igreja, mas também não estou indo. Se quiserem me achar, é só vir aqui em casa, onde vivo as recordações do meu esposo, meu filho e da minha neta”, comentou.
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Na parede de casa: Teresa Vieira e a neta Marília Mendonça, em Goiânia, Goiás — Foto: Arquivo Pessoal/Teresa Vieira
A avó contou que Marília era muito próxima à família e, por isso, tinha espírito pacificador e solidário com as pessoas. A cantora gostava de montar cesta com alimentos e fazer doações para famílias necessitadas.
“Mesmo depois da morte da Marília, a minha filha Ruth, mãe dela, continua com esse legado, fazendo as cestas e doando”, ressaltou a avó.
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