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Voluntária usa rede social para arrecadar doações e ajudar pessoas em vulnerabilidade social no AC: ‘A fome dói’

Michelle Souza consegue doações por meio das redes sociais e ajuda famílias em Rio Branco — Foto: Tácita Muniz/g1

O nosso dicionário explica a palavra conexão como ligação, união, vínculo. Imagina um elo de pessoas que se propõe a fazer o bem, fazendo os laços da rede social chegarem em forma de doações a centenas de pessoas que precisam de ajuda.


Foi há sete anos que Michelle Souza, ao lado de algumas amigas, deu início a um sonho antigo: ajudar os outros. As amigas que encabeçaram esse projeto social em Rio Branco junto com ela foram embora da cidade, mas, atualmente ela mantém sozinha o ‘Conexão do Bem”, que ajuda pessoas em vulnerabilidade social, com doações de cestas básicas, itens de higiene e o que mais precisar.


De família humilde, Michelle é dona de casa e se dedica hoje somente ao projeto social que mantém sozinha – sem ajuda de grandes empresas, políticos ou entidades. Ela viu que podia unir o ativismo na internet com ação efetiva e assim deu o nome: “conexão do bem”, que faz alusão ao digital, que se torna social.


Michelle ajuda centenas de pessoas com seu projeto social — Foto: Arquivo pessoal

É no seu perfil nas redes sociais, que ela recebe centenas de pedidos diariamente, posta em seu feed e consegue arrecadar doações. Sem transporte próprio, ela paga sempre uma condução para entregar o que consegue arrecadar. O meio de transporte mais usado é o mototáxi.


“No início o projeto não tinha nome, mas, como passei a usar mais a internet e é através dos meus amigos que consigo as doações – assim eu chamo meus seguidores – decidi colocar Conexão do Bem, porque é isso; a união dos meus amigos para fazer o bem. É com ajuda deles que consigo as coisas para doação”, destaca.


A logística hoje é o principal desafio para que ela consiga atender mais pessoas. Porque há casos em que os pedidos são de móveis ou de muitas cestas básicas, então é preciso ter uma certa estrutura para fazer as entregas.


Mesmo assim, ela consegue ajuda, mas abriu uma vakinha on-line com o objetivo de arrecadar dinheiro para comprar um carro para o projeto.


“A gente abriu e estamos aguardando as doações para ver se conseguimos comprar um carrinho que seja, porque quando a pessoa se dispõe a doar algo, ela quer logo que vá buscar e hoje a gente, às vezes, ainda tem um pouco de dificuldade com isso.”


De mototáxi, voluntária faz as entregas que arrecada na internet — Foto: Arquivo pessoal

‘A fome dói’


Se pudéssemos definir Michelle em uma qualidade, ela seria a generosidade. De família humilde, ela diz que passou por muita dificuldade financeira durante toda a vida. Criada pelos avós, ela diz que sabe como é dormir com o estômago vazio e garante: dói.


“Fui criada pelos meus avós, Avelino e Antônia, e passei muita dificuldade. Se não fosse meu avô, não sei o que seria de mim, porque a gente passou muita dificuldade. Foi por ter passado o que passei que eu quis que as pessoas, as crianças, não passassem por isso. A fome dói, dói tanto. Já cheguei a dormir sem comer, ia para a escola sem comer”, relembra.


O avô dela morreu em 2020 vítima de um infarto. A voluntária ainda se emociona ao falar da perda dele. Um ano depois, ela perdeu a irmã, outro baque, mas nada a fez desistir de sempre estender a mão para apoiar quem precisa. O sentimento de altruísmo é o que conduz Michelle.


“Meu avô lutou tanto em cima de uma bicicleta, todos os dias em um sol quente, lutou até enfartar. Foi dormir um dia e não acordou mais. Sempre penso nisso, porque as pessoas chegam em mim e dizem para eu desistir do meu projeto, porque não tenho grande apoio, mas eu nunca vou desistir. Vou continuar até quando tiver forças”, diz emocionada.


Entregas são feitas por Michelle, que faz os pedidos nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal

‘Amar o próximo’


Paralelo a isso, a mão que ajuda também é ajudada. Certo dia, durante um temporal, a casa de Michelle destelhou. Dessa vez, ela precisou de ajuda e colheu o que planta. Conseguiu doações e mão de obra para restabelecer a estrutura da casa.


Ela diz ainda que os pedidos de ajuda, pessoas em situação de rua, aumentaram ainda mais depois da pandemia. “Todos os dias eu tenho centenas de pedidos, são pessoas que dizem não ter nada para comer. Depois da pandemia, isso aumentou ainda mais.”


E aos poucos, com um trabalho de formiguinha, que Michelle vai fazendo a diferença. Ela faz a rede social romper os dados do celular, do computador, e se tornar uma rede de apoio social para as pessoas mais vulneráveis.


Questionada sobre o que resume sua vida, ela usa uma passagem bíblica, talvez seja a melhor forma de tentar explicar o altruísmo que tem respaldado a sua vida.


“Tem que amar o próximo como a si mesmo. Eu sempre sou muito sincera, posso não ter grandes estruturas, ajuda de gente grande economicamente, mas tenho a minha vontade de ajudar. E eu vou continuar lutando para que outras pessoas não passem pelo o que passei. Sempre vou defender essa minha conexão de amigos.”


Michelle tem o projeto Conexão do Bem desde 2015 — Foto: Arquivo pessoal

Fonte: G1AC


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