Veja como era a Venezuela antes do socialismo

Era chamada Venezuela Saudita, por ter a maior reserva de petróleo do mundo.


Os venezuelanos eram considerados os maiores consumidores de uísque do mundo. Entre 1959 e 1983, o desemprego no país era um dos mais baixos da região.


No mesmo período, o crescimento médio do país foi superior ao 4% ao ano, e a inflação era menor do que a registrada nos países vizinhos.


A estabilidade da moeda local, o bolívar, permitia que muitos venezuelanos conseguissem sair do país para temporadas de férias, principalmente com destino a Miami, nos Estados Unidos, vista como um paraíso do consumo.


Nos anos 1970, a população tinha o maior poder de compra entre os países da América Latina, quase três vezes maior que o dos brasileiros.


A população abaixo da linha da pobreza é de 94,5%. A inflação em 2020 foi de quase 3 mil por cento e a de 2021, de pouco menos de 700%. A inflação projetada para 2022 é de 114% ao ano. O salário mínimo é de U$S 39 (incluindo U$S 10 de ajuda-alimentação).


Há desabastecimento nos supermercados, e as principais empresas multinacionais do mundo abandonaram o território, pela insegurança jurídica e social. Muitos dos ativos das referidas companhias foram estatizados pelo regime de Hugo Chávez.


No ano passado, os venezuelanos perderam em média 10 quilos do seu peso em função da fome,  há testemunhos de cidadãos que comeram animais dos zoológicos e cachorros das ruas. O regime de Nicolás Maduro é considerado uma ditadura, salvo por países como Argentina, Nicarágua, Irã, Cuba e Rússia.


Cristina Kirchner e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação


Cristina Kirchner e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação


EU SOU VOCÊ AMANHÃ

O risco de um governo socialista no Brasil
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Em 1987, uma criativa publicidade de vodca fez famosa a frase “Eu sou você amanhã”. Tão famosa foi a publicidade que dela se originou a expressão “Efeito Orlof” (a marca da vodca da publicidade), para nomear o que poderia acontecer amanhã no futuro com determinado indicador (social, econômico, político).



Uma das características dos governos populistas de esquerda, que propõem modelos econômicos socialistas, é que são previsíveis. Por isso, é possível enxergar o resultado das desastrosas políticas na área social, econômica, educativa e de saúde. Um dos indicadores mais importantes para um país está identificado por três letras: PIB — ou Produto Interno Bruto — representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período. O socialismo mudou o significado para Pobres, Inflacionados e Burros


Existe uma fábula liberal que explica que o socialismo gosta tanto dos pobres que os multiplica. Mas na realidade a pobreza faz parte da estratégia de chantagem eleitoral, em que o governo socialista gera pobreza para ajudar a quem ele mesmo não permite evoluir economicamente (mantendo sempre viva a esperança do pobre de um futuro melhor).


A inflação é fundamental para a proposta socialista de esquerda, porque ela permite esconder as ineficiências na http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração do recurso público. Especificamente porque a inflação é o pior tributo para justamente a parte mais débil da pirâmide econômica e social. É funcional ao socialismo, porque colabora de forma eficaz para a geração de pobres.


Finalmente, o socialismo propõe uma sociedade com a menor cultura possível, precisamente para que no futuro não haja possibilidade de se desenvolver acima do restante dos compatriotas (pobres e sem educação). Dessa forma, todos continuam a depender da ajuda do Estado.


Uma equação macabra

O projeto socialista é absurdamente previsível e perversamente difícil de resolver. A classe média e a alta da pirâmide econômica têm, em geral, tantos filhos quanto podem educar, dar saúde e manter (em geral, dois filhos por família) e começa a ter filhos, em média, a partir dos 24 anos de idade.


A classe baixa da pirâmide começa a ter filhos aos 16 anos e tem, em média, quatro filhos (que mal alimentados não conseguem desenvolvimento cognitivo e ficam reféns da ajuda do Estado). Sendo assim, a cada 48 anos, serão quatro filhos de duas gerações de classe média, contra 12 filhos em três gerações de classe baixa. Todos eles são eleitores.


Esta é a estratégia que o populismo de esquerda está usando para se perpetuar no poder. Gerar pobreza com pessoas mal alimentadas, mal-educadas e com uma economia com alta inflação. Por exemplo:


Havana, 1952 | Foto: Reprodução

Cuba

Antes do socialismo

Na década de 1960, Cuba tinha uma taxa de alfabetização de 76%, e o PBI per capita era de U$S 11.300 (valores atualizados), sendo maior que o de muitos países europeus (Itália, por exemplo). Os cubanos tinham, na época, o maior número de televisores, jornais e telefones que qualquer outro país da América Latina. Foi o segundo país no mundo fazer uma transmissão televisiva.


Cuba foi o primeiro país a ter ferrovias na América Latina e o terceiro no mundo (depois da Inglaterra e dos Estados Unidos). Em 1889, Cuba foi o primeiro país latino-americano a ter iluminação. Em 1900, Havana teve o primeiro bonde (elétrico) da América e foi o primeiro país da região a receber o automóvel. Em 1906, teve o primeiro sistema de telefone direto, sem telefonista. Em 1908, implementou a primeira máquina de raios X da América Latina. Em 1937, foi o primeiro país a decretar a jornada de trabalho de oito horas, o salário mínimo e a autonomia universitária.


Em 1951, o Hotel Riviera, em Havana, foi o primeiro no mundo a ter ar-acondicionado. Em 1958, foi o segundo país a transmitir TV em cores. Cerca de 90% das residências cubanas tinham rádio, em que era possível sintonizar 140 emissoras. Havana era a “Las Vegas” de hoje. El 1955, o canal americano NBC, transmitiu “Tropicana” — o principal Cabaré de Cuba —, apresentações de Carmem Miranda, Frank Sinatra e Nat King Cole (entre outros famosos).


Rua Obispo, Havana, março de 1952 | Foto: Reprodução

Em 1959, havia 600 salas de cinema em Havana (mais do que em Nova Iorque e Paris). Em 1958, Cuba tinha a maior quantidade de carros da América Latina: um carro para cada 38 habitantes. A ilha tinha também a maior taxa de telefones por cada cem habitantes (2,6) da América Latina. Havia 70 jornais de diversas ideologias circulando pela ilha. O salário industrial de Cuba era o oitavo maior do mundo (U$S 6 por hora), ficando acima do da Noruega e do da Dinamarca. A remuneração nas fazendas era a sétima maior do mundo: U$S 3 por hora. A produtividade na indústria da cana-de-açúcar era de 55 toneladas por hectare (o dobro da que tinha o Brasil na mesma época).


Havana, atualmente | Foto: Shutterstock

Hoje

Cerca de 70% das famílias cubanas vivem com menos de U$S 3,8 por dia (R$ 21). A inflação projetada para 2022 é de 32% ao ano. O salário mínimo mensal é de U$S 87 e máximo de U$S 386. Existem 38 carros para cada mil habitantes — os mesmos índices de Angola ou Tajiquistão. Mais de 50 anos após o início do regime socialista, a taxa de telefones para cada cem habitantes chegava a três (quase os mesmos parâmetros que 50 anos atras). A imprensa é controlada, e não é possível sair da ilha sem autorização do governo. O cubano comum consegue pagar com um salário mínimo quatro horas de internet numa lan house.


Aproximadamente 80% dos alimentos consumidos são importados, porque a indústria está sucateada, e a ilha sobrevive com exportação de cana-de-açúcar e turismo. Os cortes de energia são constantes, em função da falta de investimentos nos últimos muitos anos. Enquanto a maioria da população é pobre, os dirigentes do regime são milionários. A produtividade da indústria da cana-de-açúcar é de 30 toneladas por hectare. A renda per capita de Cuba só fica acima da que existe hoje no Haiti.


Campo de petróleo em Lagunillas, Venezuela | Foto: Shutterstock

Venezuela  

Antes do socialismo

Era chamada Venezuela Saudita, por ter a maior reserva de petróleo do mundo. Os venezuelanos eram considerados os maiores consumidores de uísque do mundo. Entre 1959 e 1983, o desemprego no país era um dos mais baixos da região. No mesmo período, o crescimento médio do país foi superior ao 4% ao ano, e a inflação era menor do que a registrada nos países vizinhos. A estabilidade da moeda local, o bolívar, permitia que muitos venezuelanos conseguissem sair do país para temporadas de férias, principalmente com destino a Miami, nos Estados Unidos, vista como um paraíso do consumo. Nos anos 1970, a população tinha o maior poder de compra entre os países da América Latina — quase três vezes maior que o dos brasileiros —, segundo um índice da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Devido à crise econômica e à hiperinflação, na Venezuela há uma grande escassez de alimentos e remédios | Foto: Shutterstock

Hoje

A população abaixo da linha da pobreza é de 94,5%. A inflação em 2020 foi de quase 3.000% e a de 2021, de pouco menos de 700%. A inflação projetada para 2022 é de 114% ao ano. O salário mínimo é de U$S 39 (incluindo U$S 10 de ajuda-alimentação). Há desabastecimento nos supermercados, e as principais empresas multinacionais do mundo abandonaram o território, pela insegurança jurídica e social. Muitos dos ativos das referidas companhias foram estatizados pelo regime de Hugo Chávez.


No ano passado, os venezuelanos perderam em média 10 quilos do seu peso em função da fome — há testemunhos de cidadãos que comeram animais dos zoológicos e cachorros das ruas. O regime de Nicolás Maduro é considerado uma ditadura, salvo por países como Argentina, Nicarágua, Irã, Cuba e Rússia.


Venezuela é a Cuba de amanhã.


Argentina

Antes do peronismo

No fim do século 19, a Argentina era o país mais rico do planeta. Em 1895, tinha o maior PIB do mundo, acima do de Estados Unidos e Bélgica. Reza a lenda que, entre o fim do século 19 e começo do século 20, a expressão “tão rico quanto um argentino” era comum e frequentemente utilizada por aristocratas britânicos que tentavam casar suas filhas com argentinos ricos.


Durante as três primeiras décadas do século 20, a Argentina ultrapassou o Canadá em renda total e per capita


Entre 1860 e 1930, o país enriqueceu acentuadamente, em decorrência, entre outras coisas, da exploração das férteis terras dos pampas. Os investimentos estrangeiros eram livres e diversificados, oriundos da França, da Alemanha, da Bélgica e, majoritariamente, da Grã-Bretanha. Indústrias e ferrovias foram construídas com capital estrangeiro. Os altos salários atraíram vários imigrantes, principalmente italianos, espanhóis, alemães e franceses. Em 1899, o país retornou ao padrão ouro e, durante 14 anos, cresceu a uma taxa anual de 7,7%.


Durante as três primeiras décadas do século 20, a Argentina ultrapassou o Canadá e a Austrália não somente em termos de população, mas também em renda total e per capita. Nesta época, a famosa loja de departamentos Harrods, de Londres, abriu uma filial em Buenos Aires — a única em todo o mundo.


A Argentina inaugurou o primeiro metrô de América Latina, em 1913 (55 anos antes que o de São Paulo). Um argentino era, em média, 29% mais rico que um francês, 14% mais rico que um alemão, três vezes mais rico que um japonês e cinco vezes mais rico que um brasileiro. Em 1946, a Argentina tinha o oitavo PIB per capita do mundo e o maior da América Latina. Era duas vezes mais alto que o do México. O mesmo acontecia quando comparado com países europeus, como Espanha e Portugal. A inflação era de 1,5% ao ano.


Juan Péron, ex-presidente argentino | Foto: Wikimedia Commons

Hoje

Cristina Kirchner e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação


Cristina Kirchner e Lula | Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock/Divulgação


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O risco de um governo socialista no Brasil
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Em 1987, uma criativa publicidade de vodca fez famosa a frase “Eu sou você amanhã”. Tão famosa foi a publicidade que dela se originou a expressão “Efeito Orlof” (a marca da vodca da publicidade), para nomear o que poderia acontecer amanhã no futuro com determinado indicador (social, econômico, político).



Uma das características dos governos populistas de esquerda, que propõem modelos econômicos socialistas, é que são previsíveis. Por isso, é possível enxergar o resultado das desastrosas políticas na área social, econômica, educativa e de saúde. Um dos indicadores mais importantes para um país está identificado por três letras: PIB — ou Produto Interno Bruto — representa a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região, durante um determinado período. O socialismo mudou o significado para Pobres, Inflacionados e Burros


Existe uma fábula liberal que explica que o socialismo gosta tanto dos pobres que os multiplica. Mas na realidade a pobreza faz parte da estratégia de chantagem eleitoral, em que o governo socialista gera pobreza para ajudar a quem ele mesmo não permite evoluir economicamente (mantendo sempre viva a esperança do pobre de um futuro melhor).


A inflação é fundamental para a proposta socialista de esquerda, porque ela permite esconder as ineficiências na http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistração do recurso público. Especificamente porque a inflação é o pior tributo para justamente a parte mais débil da pirâmide econômica e social. É funcional ao socialismo, porque colabora de forma eficaz para a geração de pobres.


Finalmente, o socialismo propõe uma sociedade com a menor cultura possível, precisamente para que no futuro não haja possibilidade de se desenvolver acima do restante dos compatriotas (pobres e sem educação). Dessa forma, todos continuam a depender da ajuda do Estado.


Uma equação macabra

O projeto socialista é absurdamente previsível e perversamente difícil de resolver. A classe média e a alta da pirâmide econômica têm, em geral, tantos filhos quanto podem educar, dar saúde e manter (em geral, dois filhos por família) e começa a ter filhos, em média, a partir dos 24 anos de idade.


A classe baixa da pirâmide começa a ter filhos aos 16 anos e tem, em média, quatro filhos (que mal alimentados não conseguem desenvolvimento cognitivo e ficam reféns da ajuda do Estado). Sendo assim, a cada 48 anos, serão quatro filhos de duas gerações de classe média, contra 12 filhos em três gerações de classe baixa. Todos eles são eleitores.


Esta é a estratégia que o populismo de esquerda está usando para se perpetuar no poder. Gerar pobreza com pessoas mal alimentadas, mal-educadas e com uma economia com alta inflação. Por exemplo:


Havana, 1952 | Foto: Reprodução

Cuba

Antes do socialismo

Na década de 1960, Cuba tinha uma taxa de alfabetização de 76%, e o PBI per capita era de U$S 11.300 (valores atualizados), sendo maior que o de muitos países europeus (Itália, por exemplo). Os cubanos tinham, na época, o maior número de televisores, jornais e telefones que qualquer outro país da América Latina. Foi o segundo país no mundo fazer uma transmissão televisiva.


Cuba foi o primeiro país a ter ferrovias na América Latina e o terceiro no mundo (depois da Inglaterra e dos Estados Unidos). Em 1889, Cuba foi o primeiro país latino-americano a ter iluminação. Em 1900, Havana teve o primeiro bonde (elétrico) da América e foi o primeiro país da região a receber o automóvel. Em 1906, teve o primeiro sistema de telefone direto, sem telefonista. Em 1908, implementou a primeira máquina de raios X da América Latina. Em 1937, foi o primeiro país a decretar a jornada de trabalho de oito horas, o salário mínimo e a autonomia universitária.


Em 1951, o Hotel Riviera, em Havana, foi o primeiro no mundo a ter ar-acondicionado. Em 1958, foi o segundo país a transmitir TV em cores. Cerca de 90% das residências cubanas tinham rádio, em que era possível sintonizar 140 emissoras. Havana era a “Las Vegas” de hoje. El 1955, o canal americano NBC, transmitiu “Tropicana” — o principal Cabaré de Cuba —, apresentações de Carmem Miranda, Frank Sinatra e Nat King Cole (entre outros famosos).


Rua Obispo, Havana, março de 1952 | Foto: Reprodução

Em 1959, havia 600 salas de cinema em Havana (mais do que em Nova Iorque e Paris). Em 1958, Cuba tinha a maior quantidade de carros da América Latina: um carro para cada 38 habitantes. A ilha tinha também a maior taxa de telefones por cada cem habitantes (2,6) da América Latina. Havia 70 jornais de diversas ideologias circulando pela ilha. O salário industrial de Cuba era o oitavo maior do mundo (U$S 6 por hora), ficando acima do da Noruega e do da Dinamarca. A remuneração nas fazendas era a sétima maior do mundo: U$S 3 por hora. A produtividade na indústria da cana-de-açúcar era de 55 toneladas por hectare (o dobro da que tinha o Brasil na mesma época).


Havana, atualmente | Foto: Shutterstock

Hoje

Cerca de 70% das famílias cubanas vivem com menos de U$S 3,8 por dia (R$ 21). A inflação projetada para 2022 é de 32% ao ano. O salário mínimo mensal é de U$S 87 e máximo de U$S 386. Existem 38 carros para cada mil habitantes — os mesmos índices de Angola ou Tajiquistão. Mais de 50 anos após o início do regime socialista, a taxa de telefones para cada cem habitantes chegava a três (quase os mesmos parâmetros que 50 anos atras). A imprensa é controlada, e não é possível sair da ilha sem autorização do governo. O cubano comum consegue pagar com um salário mínimo quatro horas de internet numa lan house.


Aproximadamente 80% dos alimentos consumidos são importados, porque a indústria está sucateada, e a ilha sobrevive com exportação de cana-de-açúcar e turismo. Os cortes de energia são constantes, em função da falta de investimentos nos últimos muitos anos. Enquanto a maioria da população é pobre, os dirigentes do regime são milionários. A produtividade da indústria da cana-de-açúcar é de 30 toneladas por hectare. A renda per capita de Cuba só fica acima da que existe hoje no Haiti.


Campo de petróleo em Lagunillas, Venezuela | Foto: Shutterstock

Venezuela  

Antes do socialismo

Era chamada Venezuela Saudita, por ter a maior reserva de petróleo do mundo. Os venezuelanos eram considerados os maiores consumidores de uísque do mundo. Entre 1959 e 1983, o desemprego no país era um dos mais baixos da região. No mesmo período, o crescimento médio do país foi superior ao 4% ao ano, e a inflação era menor do que a registrada nos países vizinhos. A estabilidade da moeda local, o bolívar, permitia que muitos venezuelanos conseguissem sair do país para temporadas de férias, principalmente com destino a Miami, nos Estados Unidos, vista como um paraíso do consumo. Nos anos 1970, a população tinha o maior poder de compra entre os países da América Latina — quase três vezes maior que o dos brasileiros —, segundo um índice da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Devido à crise econômica e à hiperinflação, na Venezuela há uma grande escassez de alimentos e remédios | Foto: Shutterstock

Hoje

A população abaixo da linha da pobreza é de 94,5%. A inflação em 2020 foi de quase 3.000% e a de 2021, de pouco menos de 700%. A inflação projetada para 2022 é de 114% ao ano. O salário mínimo é de U$S 39 (incluindo U$S 10 de ajuda-alimentação). Há desabastecimento nos supermercados, e as principais empresas multinacionais do mundo abandonaram o território, pela insegurança jurídica e social. Muitos dos ativos das referidas companhias foram estatizados pelo regime de Hugo Chávez.


No ano passado, os venezuelanos perderam em média 10 quilos do seu peso em função da fome — há testemunhos de cidadãos que comeram animais dos zoológicos e cachorros das ruas. O regime de Nicolás Maduro é considerado uma ditadura, salvo por países como Argentina, Nicarágua, Irã, Cuba e Rússia.


Venezuela é a Cuba de amanhã.


Argentina

Antes do peronismo

No fim do século 19, a Argentina era o país mais rico do planeta. Em 1895, tinha o maior PIB do mundo, acima do de Estados Unidos e Bélgica. Reza a lenda que, entre o fim do século 19 e começo do século 20, a expressão “tão rico quanto um argentino” era comum e frequentemente utilizada por aristocratas britânicos que tentavam casar suas filhas com argentinos ricos.


Durante as três primeiras décadas do século 20, a Argentina ultrapassou o Canadá em renda total e per capita


Entre 1860 e 1930, o país enriqueceu acentuadamente, em decorrência, entre outras coisas, da exploração das férteis terras dos pampas. Os investimentos estrangeiros eram livres e diversificados, oriundos da França, da Alemanha, da Bélgica e, majoritariamente, da Grã-Bretanha.


Indústrias e ferrovias foram construídas com capital estrangeiro. Os altos salários atraíram vários imigrantes, principalmente italianos, espanhóis, alemães e franceses. Em 1899, o país retornou ao padrão ouro e, durante 14 anos, cresceu a uma taxa anual de 7,7%.


Durante as três primeiras décadas do século 20, a Argentina ultrapassou o Canadá e a Austrália não somente em termos de população, mas também em renda total e per capita. Nesta época, a famosa loja de departamentos Harrods, de Londres, abriu uma filial em Buenos Aires, a única em todo o mundo.


A Argentina inaugurou o primeiro metrô de América Latina, em 1913 (55 anos antes que o de São Paulo). Um argentino era, em média, 29% mais rico que um francês, 14% mais rico que um alemão, três vezes mais rico que um japonês e cinco vezes mais rico que um brasileiro.


Em 1946, a Argentina tinha o oitavo PIB per capita do mundo e o maior da América Latina. Era duas vezes mais alto que o do México. O mesmo acontecia quando comparado com países europeus, como Espanha e Portugal. A inflação era de 1,5% ao ano.


Juan Péron, ex-presidente argentino | Foto: Wikimedia Commons

Hoje

Depois de muitos anos de peronismo, ditaduras e, sobretudo, dos últimos anos do kirchnerismo, o país entrou em queda dramática. A pobreza chegou a 50% da população. Quase 70% das crianças menores de 13 anos são pobres e têm comprometido o desenvolvimento cognitivo. A projeção de inflação para 2022 supera 100%.


Simon Kuznets, prêmio Nobel em Economia, afirmou que existem quatro tipos de países no mundo, os desenvolvidos, os subdesenvolvidos, o Japão e a Argentina. Após a crise de 2001, em que Argentina teve cinco presidentes em apenas uma semana e decretou a moratória da dívida (novamente), a situação econômica se agravou e o equilíbrio entre os que produzem e os que se aproveitam dos que produzem ficou cada vez pior.


Em 2001, o país tinha 2,5 milhões de pessoas trabalhando para o Estado (nos Três Poderes e nas três esferas). Dois milhões de pessoas recebiam ajuda social, e o país tinha 6 milhões de trabalhadores com registro em carteira.


Pouco mais de 20 anos depois, os números só pioraram: 4,5 milhões de pessoas trabalham para o Estado, 22 milhões recebem alguma ajuda social e apenas 5,8 milhões trabalham com registro em carteira.


A conta não fecha: o salário mínimo é de U$S 191 (AR$ 51.200, em setembro de 2022) e, para uma família não estar abaixo da linha de pobreza, ela precisa de pelo menos AR$ 100.000 (equivalente a U$S 374). Em outras palavras, é necessário ter dois salários mínimos (pelo menos) por família para não ser pobre.


Em função da ajuda social absurda e impossível de financiar, dependendo do programa, pode beneficiar uma família com mais de um salário mínimo, o governo populista criou duas gerações de pessoas que não têm motivação nenhuma para a atividade econômica, já que ganham mais sem fazer nada.


Desvalorização do peso argentino | Foto: Shutterstock

Argentina é a Venezuela de amanhã!


Como política econômica comum, os governos de Cuba, da Venezuela e da Argentina defendem a ideia de que não é importante a busca do superavit fiscal, que o Estado tem de tirar de quem tem para dar a quem não tem, controle de câmbio, regulamentações e burocracias absurdas que a única coisa que geram são altíssimos índices de inflação, redução do investimento e perda do emprego privado.


Em função do controle de câmbios, existem nos três países um mercado oficial de câmbios (com valores impeditivos para a população comprar dólares, mas que os exportadores devem considerar para suas exportações) e um mercado paralelo, em que a economia deve rodar com todos os problemas que isso significa em termos de custos e baixas rentabilidades. Os três países têm controle de preços, desabastecimento e empresas estatais com perdas milionárias.


É digno de estudos sociológicos explicar por que aqueles que historicamente têm pobreza, falta de educação e péssimo atendimento de saúde por pura responsabilidade de governos populistas de esquerda continuam votando neles. Vemos isto na Venezuela, na Nicarágua, em vários Estados provinciais da Argentina e no Nordeste do Brasil.


Nas próximas eleições presidenciais brasileiras, uma má escolha política pode fazer com que o Brasil seja… Argentina, Venezuela e Cuba… amanhã.


Fonte/  Revista Oeste


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