Após anos na elite do surfe, Filipe Toledo finalmente conseguiu seu primeiro título da WSL (World Surf League), o Mundial de Surfe, com direito a uma vitória muito especial na decisão, batendo o compatriota Ítalo Ferreira.
Em entrevista, o ‘Tubarão brazuca’ garante que ainda quer mais e espera poder alçar voos ainda maiores nos mares do planeta, quem sabe, em Paris. Além disso, o campeão mundial repercute o momento na carreira e enfatiza a geração do surfe brasileiro.
Conquista do titulo inédito
Em junho deste ano, Filipinho conseguiu o tetracampeonato da etapa de Saquarema, sendo carinhosamente intitulado de “Rei do Rio”, já que costuma dominar quando surfa no Brasil.
Além desse, a parede de troféus do surfista inclui a sexta etapa do Mundial, que aconteceu em Jeffrey’s Bay, na África do Sul, em 2017, quando completou a inesquecível manobra com dois aéreos em uma só onda, garantindo uma nota 10 unânime.
Essa não seria a última vez em que o ubatubense aplicaria essa manobra. Na disputa da semifinal da penúltima temporada contra Ítalo Ferreira, que aconteceu em Trestles, na Califórnia, Toledo mandou novamente dois aéreos na mesma onda, derrotando seu compatriota por 15.83 (8.50 + 7.47) a 12.44 (7.27 + 5.17) e garantindo vaga na grande final.
Contra o brasileiro também, neste ano, novamente nas águas de Trestles, Filipe Toledo conquistou o título inédito de campeão mundial, vencendo as duas baterias iniciais, da melhor de três, sem dar chances a Ítalo, fazendo a melhor temporada da sua vida. Filipinho possui 12 etapas vencidas em sua carreira.
Trajetória
Natural de Ubatuba, São Paulo, Filipe Toledo, aos 27 anos, é o melhor surfista do mundo, atual campeão mundial em 2022, sendo o quarto brasileiro na história do surfe a conquistar um título mundial.
Competindo na elite do surfe desde os 16 anos, Filipinho já se destacava com premiações nas categorias de acesso, onde colecionou títulos como o ISA World Junior, disputado no Peru, e o Pro Junior US Open, nos Estados Unidos, além de logo ocupar seu lugar na seleta “Brazilian Storm”, apelido dado à geração brasileira mais vitoriosa de todos os tempos no surfe.
Ao longo de sua jornada da WSL, Toledo venceu etapas importantes na sua carreira, como a de Bells Beach, um dos locais mais tradicionais e importantes da história do surfe, em Abril de 2022, ao derrotar o australiano Callum Robson e conquistar o título inédito em sua carreira.
Como é para você ser campeão mundial pela primeira vez?
É um misto de sensações, difícil explicar em palavras. Me sinto feliz, realizando um grande sonho. Depois de toda a dedicação, treinamentos, ansiedade, momentos difíceis, posso dizer que trilhei o caminho certo e hoje sou o campeão do mundo de surfe! É uma alegria que não consigo expressar. Eu só tenho a agradecer a Deus por esse momento da minha vida, sem ele eu não teria conseguido chegar até aqui.
Como e quando você acreditou que o título estava perto? Expectativas, planos para o futuro?
Acredito que antes mesmo da temporada começar. Eu já sabia que esse ano seria especial, porque eu me sentia muito mais pronto, maduro e preparado para ir com tudo para conquistar o título mundial. Acho que foi um processo. Comecei a cuidar da minha saúde mental, foquei na minha preparação física e tive o melhor suporte possível durante todas as etapas do circuito, então eu só tinha que fazer o que sei fazer de melhor, surfar! Pretendo seguir a preparação que me fez campeão mundial de surfe. É seguir firme e manter alinhado o corpo com a minha mente. Estar nos Jogos Olímpicos é um grande objetivo, mas quero seguir cada passo de uma vez.
As Olimpíadas também estão em pauta?
É um sonho, sem dúvidas! Representar o Brasil em uma Olimpíada e ainda trazer uma medalha seria outro feito histórico para o esporte brasileiro. Mas vamos ver, tem muita caminhada até lá ainda. Nesse momento, quero surfar bateria por bateria e se tiver a oportunidade de estar em Paris, irei com o maior prazer e com muita vontade de vencer.
Qual é o segredo do sucesso do surfe brasileiro?
O Brasil se tornou o país do surfe, está cheio de grandes surfistas! O que eu tenho certeza é que o Brasil vai seguir dominando o circuito mundial e disso eu não tenho dúvidas. Vimos o Miguel Pupo fazendo a melhor temporada da sua carreira nesse ano, chegando muito próximo do finals. O Samuel fez uma final na sua primeira temporada na elite, e o Chumbinho quebrou tudo contra os surfistas mais ‘casca grossa’ da Tour. Eu não tenho dúvidas de que o surfe brasileiro está bem servido para os próximos anos. Vamos seguir dominando!
Como surgiu o “Brazilian Storm”?
Esse foi um apelido dado pela imprensa internacional para a nossa geração do surfe brasileiro que estava dominando o cenário mundial. É incrível poder fazer parte dessa geração tão talentosa. São atletas de alto nível e que puxam o nível das baterias sempre pra cima. Dá muita vontade de competir e enfrentar adversários desse nível, ainda mais com essa relação que nós temos entre a gente. Nós competimos e queremos sempre ganhar, mas temos nossa conexão fora da água também.