Trabalho de empoderamento voltado para mulheres de terreiro em Rio Branco, é desenvolvido por artista acreana

O que é ser uma mulher de axé? Essa é uma das perguntas que a artista Narjara Saab faz às mulheres que entrevistou e fotografou para o projeto “Axé Mulher”, que vai culminar em uma exposição fotográfica, no final de novembro.


Neste sábado, 15, Narjara e sua equipe estiveram na Tenda de Umbanda Luz da Vida – terreiro escolhido por ela para participar do projeto, situado na Estrada do Quixadá, em Rio Branco. Dirigido pela Mãe de Santo de Umbanda, Marajoana de Xangô, o templo religioso é composto em sua maioria por mulheres.


“É momento de engrandecer, de pontes que se ligam, de ensinamentos e aprendizados. De partilhas entre mulheres, pois quando a gente fala em ‘empoderar’ é sobre empoderar umas as outras, e todas as outras que queiram fazer parte da nossa matilha, bem como os homens da nossa casa. O feminismo age no sentido de agregador de amor. A gente parabeniza a Narjara pela iniciativa de abordar o papel da mulher afro, pois isso desmistifica o imaginário de que as mulheres são menores ou maiores, trazendo mesmo o tom da equidade”, salientou a Mãe de Santo.


Mãe Marajoana posou para a fotógrafa (Foto Maria Meirelles)

O coletivo de mais de 30 mulheres umbandistas desfrutou da palestra ministrada pela artista sobre “O Papel da Mulher na Religião de Matriz Africana”. Logo após o bate-papo, foi realizado o ensaio fotográfico de cada uma delas que, munidas de suas vestimentas sagradas, guias e amuletos de proteção, pousaram para a fotógrafa.


Para a psicóloga e médium da Tenda de Umbanda Luz da Vida, Dyana Silva, o projeto é esclarecedor e agrega conhecimento. “A roda de conversa me trouxe o esclarecimento de entender alguns comportamentos que a gente reproduz, mas, não sabia a origem, que vem das nossas raízes. Além disso, me fez observar a sociedade a qual estamos inseridas, a exemplo da situação das mulheres acreanas”, frisou.


Para realizar o projeto Axé Mulher, que é financiado pelo Fundo Municipal de Cultura, através do Edital de Patrimônio 2022, por meio da Fundação Garibaldi Brasil (FGB), Narjara selecionou dois terreiros da capital acreana: um de Candomblé (Ilê Ase Yemonja Soba, dirigido pela Iyalorixa Cláudia Moreira) e um de Umbanda (Tenda de Umbanda Luz da Vida, dirigido por Mãe Marajoana de Xangô).


Também compõe o projeto e visitaram os terreiros o músico Denilson Carneiro, atriz e arte Educadora Kétila Flor, que atuaram no apoio técnico e gravação bastidores, bem como a artista Kariane Lins.


Exposição Mulheres e Axé


Após a edição de todo o material, será realizada a exposição Mulheres e Axé, que traz as imagens registradas nos terreiros visitados pela artista. A mostra será promovida nos dias 25 e 26 de novembro, na Usina de Artes João Donato, a partir das 18h30.


“O que se pode esperar dessa exposição é o registro documental das mulheres atuantes nessas duas comunidades e suas impressões sobre o que é ser uma mulher de religião de matriz africana na cidade de Rio Branco. E através do show e do bate papo após o show, ofertar um momento de diálogo entre sociedade e comunidades de religião de matriz africana, a fim de desmistificar e ofertar conhecimento sobre o que somos”, explica a Narjara Saab, que é uma mulher de Candomblé.


Quem visitar a exposição também vai desfrutar do show “O Samba Canta África: Xirê”, realizado pelo coletivo Moças do Samba, que também é composto por Narjara. Ao final do espetáculo musical, vai rolar um bate papo entre plateia e as mulheres das casas que participaram do projeto.


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