A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou nesta quinta-feira (6), por injúria racial e ameaça, o professor que mandou uma aluna de 11 anos, negra, prender o cabelo em uma escola no bairro Coração Eucarístico, Região Noroeste de Belo Horizonte. “Parece uma louca que saiu do hospício”, disse o profissional em 14 de setembro, dentro da sala de aula da Escola Estadual Odilon Behrens.
As investigações foram conduzidas pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente. A conclusão do inquérito foi remetida à Justiça. Se condenado, o professor pode ser preso por até três anos. Apesar do indiciamento, o profissional da educação não foi detido.
À reportagem, a comerciante Rosângela Aparecida Figueiredo, de 45 anos, mãe da garota, que cursa a 6ª série na instituição, afirmou que o indiciamento é uma resposta contra o preconceito racial. “É uma pena que as coisas tenham chegado a esse ponto, de precisar de punição para que haja respeito”, comentou.
Rosângela afirma que o caso fica de inspiração para quem é vítima de crimes de injúria ou racismo. “Denunciem. Não se calem. As pessoas precisam mostrar, falar, para que não aconteça mais e haja respeito”, completou, pontuando ainda ser “muito doloroso” falar sobre a história.
A reportagem questionou a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) sobre o caso, contudo não obteve retorno até a publicação desta matéria. Quando ocorreu o caso, a pasta afirmou que “repudia quaisquer atitudes e manifestações de discriminação, preconceito e racismo” e que a situação era “apurada”.
“A escola é um espaço sociocultural que deve respeitar e, sobretudo, discutir amplamente a pluralidade cultural. A pasta realiza constantemente a política estadual de promoção da cultura de paz nas escolas, como o Programa de Convivência Democrática”, completou.
Relembre
A comerciante Rosângela Aparecida de Figueiredo, de 45 anos, não se escondeu após a filha dela, de 11 anos, ser comparada a uma “louca” apenas por estar com os cabelos soltos. Ela tornou o caso público, exigindo providências.
“Ela foi discriminada pelo cabelo. O professor perguntou se ela não tinha uma xuxinha e falou que ela parecia uma louca do hospício. Depois que minha filha chorou, ele ainda teria dito que daria uma sapatada nela”, contou.