Segundo uma revisão publicada na revista científica New Ideas in Psychology, o riso foi preservado pela seleção natural ao longo dos últimos milênios para ajudar o ser humano a sobreviver.
Até agora, várias teorias tentaram explicar o que fazia as coisas serem engraçadas o suficiente para provocar risos. Entre eles estão a transgressão (algo proibido), um sentimento de arrogância ou superioridade (zombaria) e a incongruência (a presença de dois significados incompatíveis na mesma situação).
A nova pesquisa revisou então toda a literatura disponível sobre riso e humor publicada em inglês nos últimos 10 anos para descobrir se outras conclusões poderiam ser tiradas.
Mais de 100 artigos foram analisados para uma nova explicação possível: o riso é uma ferramenta que a natureza pode ter fornecido para a sobrevivência humana. A pesquisa também encontra razões por que somos atraídos por pessoas que nos fazem rir.
“Alguns artigos de pesquisa sobre teorias do humor forneceram informações significativas sobre três áreas: as características físicas do riso, os centros cerebrais relacionados à produção do riso e os benefícios do riso para a saúde“, explica Carlo Valerio Bellieni , Professor de Pediatria da Università di Siena e autor do estudo.
A evolução do riso
Se um ser humano, por exemplo, vê um tigre passeando por uma rua da cidade, pode parecer incoerente, inusitado, mas não é cômico. Pelo contrário, causa medo. Mas, e se o tigre rolar como uma bola? Então se torna cômico, além de fofo.
O anti-herói animado Homer Simpson causa risos quando cai do telhado de casa e quica como uma bola, ou quando tenta “estrangular” o filho Bart, que fica com os olhos arregalados e a língua batendo como se ele fosse feito de borracha.
Esses são exemplos da experiência humana mudando as situações para uma versão exagerada do mundo por meio de um desenho animado. Mas para ser engraçado, o evento também deve ser percebido como inofensivo.
Nós rimos porque reconhecemos que o tigre ou Homer nunca machucam efetivamente os outros, nem se machucam, por se tratarem de cenas não reais ou simuladas, treinadas.
Etapas do riso
Assim, o riso é reduzido a um processo de três etapas. Primeiro, precisa de uma situação que pareça estranha e induza uma sensação de incongruência (perplexidade ou pânico).
“Em segundo lugar, o estresse provocado pela situação incongruente deve ser trabalhado e superado (resolução).
Terceiro, a liberação real do riso atua como uma sirene para alertar os espectadores (alívio) de que eles estão seguros”, analisa o estudo.