Histórias de fé e devoção marcaram a volta da tradicional procissão, que faz parte do encerramento do Círio de Nazaré, em Rio Branco. A estimativa é que pelo menos 3 mil pessoas tenham participado da procissão, que aguardou o encontro das imagens de Nossa Senhora de Nazaré e Jesus Cristo e depois percorreu as ruas do Centro até a Catedral que leva o nome da santa, padroeira de Rio Branco.
A corda, de 200 metros, é um dos maiores símbolos da grande procissão do Círio de Nazaré, onde há pagamento de promessas ou pedidos por bênçãos.
Em meio a multidão, muitas são as histórias de devoção. Este ano, após dois anos suspensa devido à pandemia, a procissão tem uma significado ainda maior para os fiéis, que em sua maioria foi para agradecer pela vida e outras graças alcançadas.
Eliane engravidou após seis abortos e vai à procissão há 17 anos — Foto: Tácita Muniz/g1
Uma dessas pessoas é Eliane Silva, de 39 anos. Já são 17 anos participando deste ato de fé. Isso é uma promessa que ela cumpre por ter conseguido engravidar após, segundo ela, ter seis abortos.
“Os médicos diziam não eu podia ter filhos e fiz a promessa para ter meu filho e agora todo ano participo, tanto como o ato de gratidão a Deus pela vida de meu filho e também à Nossa Senhora de Nazaré, como também para agradecer as bênçãos que sempre estamos recebendo”, diz ao comemorar a vida dos filhos de 13 e 17 anos.
Raimundo vai à procissão pedir por ele e pelo filho, de 6 anos — Foto: Tácita Muniz/g1
‘Peço por mim e por ele’
Pai solo do Caio Vicente, de 6 anos, que luta contra um cisto no cérebro, Raimundo Silva está participando da procissão pela segunda vez. Como é só ele e o filho, ele diz que vai para pedir longevidade para ficar ao lado de Caio por muitos anos.
“O pensamento da gente é de ser ajudado e pedir ajuda à Nossa Senhora, principalmente pra ele. Então, venho nesse objetivo de pedir intercessão para ela por todos nós. Até hoje sou eu e ele, então preciso de longevidade.
Antônio mora em Brasília, mas aproveitou que estava no Acre para acompanhar a procissão — Foto: Tácita Muniz/g1
Antônio José, de 74 anos, foi embora do Acre há 15, mas estava na cidade. Devoto, aproveitou que estava na cidade para ir até a procissão. Ele estava a passeio na capital acreana, quando perdeu um irmão para o câncer. O momento, para ele, é de reflexão e devoção.
“Sou devoto de Nossa Senhora da Conceição, porque tive problema de artrose e fiz um pedido com a promessa de que, se me ajudasse, toda procissão eu iria andando o tempo todo, independente de qual fosse a procissão. Vim para agradecer também porque meu filho teve problema em Brasília e estava quase para ser transplantado e fiz minhas orações, porque sou muito católico e deu certo, ele está curado, agora também é momento de agradecer” conta.
Reencontro
O bispo da Diocese de Rio Branco, Dom Joaquim Pertinez, destacou que este foi um momento de reencontro e celebração.
“Momento muito emotivo de nos reencontrarmos de novo para celebrar nossa fé, com uma festa bonita para Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Catedral e de Rio Branco. Foram tempos difíceis, de muita turbulência, muito sofrimento, mas estamos com a graça de Deus, agradecer tudo de bom que aconteceu também nestes anos e isso é celebrarmos nossa fé nesta festa bonita de Nazaré, o Círio, a procissão, o encontro das imagens”, explica.
O bispo destaca ainda que a tradição das imagens virem pelo rio vem de uma retomada de um hábito de anos passados, quando o manancial era uma forma de comunicação e de disseminar a fé.
Aos 69 anos, Francisca Etelvina faz questão de participar todos os anos. Desta vez, ela veio agradecer por ter passado a pandemia sem perdas na família.
“Venho para agradecer tudo que foi feito pela minha família, filhos e netos. E eu sou devota de Nossa Senhor a vida toda. É uma promessa vir todos os anos, nunca falho.”
Fiéis na corda fazem pedidos e agradecem graças — Foto: Tácita Muniz/g1
Fonte: G1