Um estudo com 4,2 mil pacientes que apresentavam quadros de apneia do sono aponta que a interrupção da respiração durante o sono pode causar coágulos no cérebro e estar relacionada a uma maior predisposição a diversos tipos de câncer. Metade dos voluntários no estudo tiveram algum câncer nos últimos cinco anos e foram estes que apresentaram os piores resultados nos índices de perda de oxigênio e apneia durante o sono.
Segundo o médico especialista em obesidade e cirurgião bariátrico, Dr. José Alfredo Sadowski, a apneia é uma doença crônica, progressiva e incapacitante.
“Subdiagnosticada, o ronco e essas pausas respirátorias levam à queda da oxigenação e fragmentação do sono, alterando a produção de hormônios, contribuindo para a resistência à insulina e elevando a pressão arterial, em um ciclo vicioso de perpetuação da própria condição da obesidade”, explica o cirurgião
Os principais sintomas da apneia são o ronco, a fadiga diurna e a diminuição da capacidade concentração que podem trazer prejuízos no aspecto social e afetar negativamente a vida do paciente.
Obesidade x apneia
Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), a apneia do sono é constatada em 70% dos obesos. Em obesos mórbidos, a prevalência pode chegar a 80%. Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a apneia acomete aproximadamente 30% da população adulta mundial.
A maior parte dos pacientes, entre 85% e 90%, convive com a doença sem receber o diagnóstico e continua sem tratamento. A doença pode ocorrer em qualquer idade, mas está presente principalmente em homens obesos com idade de 40 e 60 anos. Os homens sofrem mais com a apneia do sono devido a diferenças anatômicas, perfil hormonal e distribuição da gordura pelo corpo, ficando acumulada em maior quantidade na região abdominal, pescoço e tronco.
“A gordura no pescoço, aumenta a resistência para a passagem do ar. A gordura abdominal aumenta a pressão sobre o tórax e diminui o espaço para o pulmão respirar. E quem tem apneia diminui o metabolismo de gordura o que gera um ciclo vicioso”, explica Sadowski
Consequências da apneia
A perda de oxigênio dezenas ou centenas de vezes durante a noite causa o aumento do batimento cardíaco e pressão arterial são os principais gatilhos para o desenvolvimento das doenças do coração e vasos, levando à hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio e derrame cerebral e até mesmo o aumento de morte súbita durante o sono.
Diagnóstico e tratamentos
Para diagnosticar a apneia do sono, especialistas utilizam um estudo do sono chamado polissonografia, que monitora os parâmetros de sono e da respiração. O exame permite ao médico diferenciar o ronco primário da apneia. Entre os tratamentos estão a redução de peso, atividade física, diminuição do consumo de álcool e a eliminação de medicamentos que possam aumentar o relaxamento da musculatura.
Mesmo pessoas que não sabem se roncam podem identificar o problema por outros sintomas, como a boca seca e acordar cansado de manhã, sonolência, dificuldade de manter o sono, falta de atenção ou acordar com dor de cabeça. Além do suporte médico, há aplicativos para celular que verificam a qualidade do sono ou a existência de roncos.
Apneia do sono é comorbidade para realizar a Cirurgia Bariátrica?
Segundo o médico especialista em cirurgia bariátrica e metabólica, Dr. José Alfredo Sadowski, a apneia do sono é a uma comorbidade comum da obesidade e está listada entre as doenças associadas ao excesso de peso que permitem a indicação da cirurgia bariátrica em pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 35 kg/m².
“A obesidade, além da sobrecarga do peso, traz outros problemas de saúde como a apneia do sono, hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares e pode até aumentar o risco de alguns tipos de câncer se não houver um controle adequado. Entre estes tratamentos está a cirurgia bariátrica, considerado o método mais eficaz até o momento para controle da obesidade em seus níveis mais graves”, explica o Dr. José Alfredo Sadowski.
Os critérios de indicação do Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM) para a cirurgia bariátrica preveem o encaminhamento quando o paciente apresenta Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², com ou sem comorbidades; acima de 35 kg/m², na presença de comorbidades como a esteatose hepática, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, entre outras relacionadas ao excesso de peso, sem sucesso no tratamento clínico.
A cirurgia metabólica, voltada para pacientes com obesidade leve e diabetes tipo 2 sem sucesso no tratamento clínico, pode ser indicada quando o paciente apresenta IMC acima de 30 kg/m².