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Escrivão da Polícia Civil é acusado de assédio sexual durante depoimento por mais uma mulher

Um escrivão da Polícia Civil de Franca (SP) foi acusado por mais uma mulher de cometer abuso sexual dentro de uma delegacia da cidade. Contra ele, outras duas vítimas já registraram boletins de ocorrência pelo mesmo crime.


De acordo com a mulher, que prefere não ser identificada, o crime aconteceu em 2020 enquanto o escrivão colhia depoimento dela. Ele teria a obrigado a receber e fazer sexo oral, enquanto a intimidava mostrando uma arma e alegando ter informações de seus familiares.


“Eu não quis denunciar porque ele falou das minhas filhas e eu fiquei com medo. Ele sempre falava ‘sei onde você mora’, ‘sei que você tem duas filhas’. Eu fiquei com muito medo por isso. Então eu deixei, eu quis esquecer, eu não quis falar desse assunto mais”, diz.


Segundo a mulher, o encorajamento para denunciar o escrivão veio após acompanhar outras vítimas relatando casos semelhantes contra o suspeito. Ela destaca o trauma sofrido desde o acontecimento dos fatos.


“Não é fácil não. Eu não dormia, eu passei a tomar remédio para dormir. Só que eu não podia falar, eu não tinha como falar isso para alguém para poder me ajudar. Mas não é fácil, foi um trauma, tanto é que se me chamar na delegacia de novo nunca mais na minha vida eu vou sozinha”.


Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a corregedoria da Polícia Civil abriu um procedimento http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativo para apurar o caso e que o escrivão vai ser realocado para outra função.


De acordo com uma publicação no Diário Oficial, o agente passou por perícia médica e teve uma licença de 60 dias concedida por ‘prejuízo da capacidade laborativa’. O caso é investigado em sigilo e a defesa do policial não havia sido localizada até a última atualização desta matéria.


Mesma forma de ação

Segundo a vítima, a forma como o escrivão teria agido com ela e com as outras mulheres que procuraram a corregedoria para denunciar o agente é semelhante.


Durante procedimentos padrão de depoimento em uma sala da delegacia, a vítima relata que o homem pediu para ver o celular dela e iniciou a procura por fotos na galeria do aparelho. Ao encontrar fotos íntimas, ele então iniciou a uma série de comentários de cunho sexual.


“Ele ficou olhando meu celular um tempo, a gente ficou em silêncio e de repente ele foi na minha galeria de fotos, ele viu uma foto minha mais íntima, ele mostrou para mim, começou a rir e perguntou se era eu. Eu falei que era, mas perguntei o que tinha a ver a foto com o caso que ele estava me perguntando. E ele falou que ‘não, não é nada. Só quero saber se é você’, e rindo”, relembra.


Depois de fazer os comentários, ele trancou a porta da sala e obrigado a mulher a receber sexo oral e, e em seguida, fazer nele. Durante o abuso, o escrivão estava com uma arma em cima da mesa proferindo intimidações, segundo depoimento da mulher.


“Ele colocou as mãos nos meus ombros por trás, no dia eu estava de vestido, e ele pegou e falou ‘agora eu quero ver se é você mesma na foto’. Aí eu simplesmente entrei em choque, eu não sabia o que eu fazia […] Ele levantou meu vestido, afastou minha calcinha e fez sexo oral comigo. Eu estava tremendo muito, pedindo para ele parar com aquilo, aí ele falou que era para eu ficar normal, tranquila e sempre falando ‘eu sei onde você mora’, ‘eu sei que você tem duas filhas moças’, ‘então fica quietinha, o que está acontecendo aqui vai ficar aqui, não pode sair daqui’”, diz a vítima.


Outros casos


Além do caso da mulher, outras duas vítimas também denunciaram o mesmo policial. O advogado João Alves, que atende à última denunciante, afirma que a divulgação do caso é crucial para que outras possíveis vítimas se encorajem a denunciar.


“Ele precisa ser julgado e, posteriormente, responsabilizado desde que haja as provas necessárias. Por isso é importante que as outras vítimas se unem para que tornem o embasamento de provas mais forte”, aponta.


Ainda de acordo com o advogado, a forma de atuação do suspeito, de acordo com o depoimentos das vítimas, faz com que a suspeita de que mais mulheres possam ter sofrido os mesmos abusos aumente.


“Por conta da forma como ele agiu, nós acreditamos que pode ser que haja outras vítimas além das que até agora se manifestaram. A minha cliente, ao conversar com ela, ela quer que isso não aconteça com outras pessoas, porque a princípio não se imagina que isso possa acontecer em um órgão público e, principalmente, na Polícia Civil”.


Advogado João Alves em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

Advogado João Alves em Franca (SP) — Foto: Reprodução/EPTV

G1


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