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Eleições no Acre varreram grupos familiares que ocupavam cargos políticos há anos

O resultado da eleição do último domingo (2) varreu da política local famílias e sobrenomes poderosos e tradicionais. Sales, Melos, Vianas, Rochas, Bestenes e Milanis, sobrenomes de cujos representantes disputavam mandatos proporcionais e majoritários, a partir do ano que vem, quando encerram seus atuais mandatos, em que pesem estarem há anos no poder, terão que abrir espaços para os novos dignitários.


De todos, a maior surpresa ficou por conta da derrota do deputado federal Flaviano Melo, do MDB, até aqui o político de carreira mais longeva da história do Acre. Prefeito biônico de Rio Branco, Capital do Acre, no período de 1983-1986, por nomeação do então governador Nabor Júnior, a quem sucedeu após a vitória nas eleições de 1986. em 1990 foi eleito senador.


Em 1994 Flaviano disputou mais uma vez o governo do Acre, mas foi derrotado por Orleir Cameli, quando exercia a metade do mandato de senador obtido em 1990. Sofreu nova derrota quando tentou se reeleger ao Senado em 1998, sendo vencido, desta vez, pelo petista Tião Viana.


 


Em 2000 elegeu-se prefeito de Rio Branco em primeiro turno. Todavia, renunciou ao cargo em 2002 para disputar o governo do Estado novamente. Acabou vencido pelo candidato à reeleição, Jorge Viana. No pleito de 2006 foi eleito deputado federal e, em 2010 e 2014, foi reeleito. Nesta penúltima obteve 18.372 votos, sendo o sétimo mais votado entre os oito eleitos para a 55.ª legislatura. Em 2018, quando disputou seu último mandato, praticamente repetiu a votação anterior. Em 2022, obteve 7.406 votos, ficando em 19º lugar na contagem geral de votos.


Nascido em 1949, com 72 anos, filho do ex-deputado estadual Raimundo melo, falecido em 1984 e que também fez uma carreira política longeva, Flaviano Melo, deve se aposentar em definitivo para curtir pelo menos três salários de aposentadorias como ex-governador, ex-senador e ex-deputado federal.


Outra família retirada da política, pelas mesmas razões, embora ainda conserve alguma nesga de poder, é a Sales, de Cruzeiro do Sul, da qual faz parte a deputada Jéssica, que buscava seu terceiro mandato. Ela obteve, nesta eleição, 20.500 votos, ficando em 9º lugar numa disputa de nove vagas, mas não foi suficiente para eleger a si e ajudar seu parceiro de chapa, Flaviano Melo, que contava com uma votação estupenda da colega para ele também voltar à Câmara.


Filha do ex-prefeito de Cruzeiro do Sul, Vagner Sales, Jéssica e sua família não ficaram completamente fora da política porque sua mãe, a deputada Antônia Sales, foi eleita deputada estadual pelo MDB.


Situação análoga é a da família Bestene, que tem o deputado estadual José Bestene e o filho Samir na Câmara Municipal de Rio Branco como vereador, uma família que surgiu na política junto com a figura do ex-governador Jorge Kalume, no início dos anos 70. Amigos desde Xapuri, Kalume e os Bestenes vêm numa parceria longínqua que só se encerrou com a morte do ex-governador, em outubro de 2010.


O velho cacique da Arena e da ditadura militar não deixou herdeiros políticos de sua família, embora tratasse José Bestene como tal. O próprio José Bestene dizia que as relações de afeto entre Kalume eram mais forte com seu irmão, o ex-deputado Félix Bestene, falecido no ano de 1985.


Desde então, a representação política da família foi transferida para José Bestene, irmão mais novo do falecido, o qual tentou, ao longo de todo o tempo, distribuir o poder entre parentes como a irmã Nabiha, que chegou a ser vereadora por Rio Branco e hoje é secretária municipal de Educação da Prefeitura da Capital, e do sobrinho Alysson Bestene, atual gestor do atual Governo de Gladson Cameli, com o qual parece ter rompido e transferido o poder e votos para o filho Samyr Bestene, vereador da Capital e que nesta eleição fez dobradinha com o pai candidato a deputado como postulante à Câmara Federal. Ambos perderam.


Paralelo a isso, inimigos fidagais os irmãos Rocha, Mara e Wherles, estão parecidos e na mesma situação de candidatos ao ostracismo políticos dos outroras poderosos irmãos Viana, os ex-senadores e ex-governadores Jorge e Tião Viana. No último domingo, Jorge Viana perdeu sua segunda eleição seguida, em 2018 na tentativa de reeleição para o Senado e agora em 2022 para o Governo do Estado, ficando em segundo lugar, com menos de 25 dos votos.


Pelo mesmo caminho seguiu a família Milani, da deputada federal Vanda. Eleita deputada federal em 2018, na mesma chapa que elegeu Gladson Cameli e praticamente todos os adversários que ele enfrentaria ao disputar à reeleição quatro anos depois, a cunhada do deputado federal cassado Hildebrando Pascoal, outro sobrenome que um dia exerceu enorme poder no Estado e que hoje se resume ao vereador Hidelgard na Câmara Municipal de Rio Branco, quis ser eleita senadora e eleger o filho Israel Milani a deputado federal.


Moradores das margens do rio Acre, no bairro do Quinze, em Rio Branco, eles poderiam ter pego a balsa, como diz o eleitor acreano, na porta de casa.


O retorno de políticos que perdem o poder em grupos familiares, para um desses cientistas da política, como o professor Nilson Euclides, candidato derrotado ao governo do Estado pelo PSOL na eleição de domingo, essas oligarquias familiares na política apenas se renovam, principalmente no que diz respeito à chamada Direita.


Ele avalia que ainda é cedo paro análises mas é possível que, a despeito do fim da hegemonia familiar de vários grupos no Acre, a política local está longe de se livrar disso. Citou como exemplo o senador eleito Alan Rick, o qual, em pela campanha para o Senado, tentou emplacar a irmã, Mirla Mirana como deputada federal, além de outros grupos como os próprios Camelis, que lançou o candidato a governador e um candidato a deputado federal, Zico Cameli, que não foi eleito. “Essa política de pai para família se renova, principalmente no campo da Direita”, disse Nilson Euclides.


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