Após figurar na lista dos principais vilões dos brasileiros no início deste ano, o preço dos alimentos e bebidas registrou queda de 0,51% em setembro, ante alta de 0,24% de agosto. Trata-se da primeira variação negativa desde novembro de 2021 (-0,04%), de acordo com dados divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para Pedro Kislanov, gerente responsável pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o resultado que reverte a trajetória de elevação do preço dos alimentos observada desde o começo do ano, inclusive altas fortes em março (2,42%) e abril (2,06%), foi guiado pela redução de 13,71% no valor do leite longa vida. Apesar da queda, o produto ainda tem alta de 36,93% nos últimos 12 meses.
“O leite vinha subindo muito nos últimos 12 meses, especialmente em 2022, por conta do período de entressafra, a partir de março e abril, mas também por causa da guerra da Ucrânia, que aumentou muito o preço dos insumos agrícolas. Agora, com o fim do período de entressafra e a volta das chuvas, aumentou a oferta do produto no mercado, o que gerou uma queda nos preços”, afirma o pesquisador.
Além do leite, destaca-se também a redução no preço do óleo de soja (-6,27%). “No caso do óleo de soja, a explicação vem da redução do valor da soja no mercado internacional, que está caindo desde o fim de junho”, avalia Kislanov.
Ainda entre os alimentos, pelo lado das altas, o maior aumento veio da cebola (+11,22%). “O que está causando essa alta é o fato de a produção do Nordeste estar aquém do esperado, aliado a uma redução da área de plantio. Nos últimos 12 meses, a cebola subiu mais de 120%”, destaca o gerente da pesquisa.