O deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), informou, nesta sexta-feira (21), que conseguiu coletar o número de assinaturas necessárias para a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Institutos de Pesquisa na Câmara dos Deputados.
“Conseguimos coletar as 171 assinaturas necessárias para a CPI dos Institutos de Pesquisa. Aguardamos agora a instalação na Câmara. Obrigado a todos que assinaram e ajudaram na divulgação”, escreveu Jordy nas redes sociais.
Para a abertura de uma CPI na Câmara dos Deputados, são necessários 171 nomes. Os institutos de pesquisa também estão na mira de senadores, que reúnem assinaturas para uma CPI na Casa — neste caso, são necessários 27 nomes.
Os resultados do primeiro turno das eleições, que ocorreram em 2 de outubro, frustraram as previsões das pesquisas feitas pelos principais institutos de levantamento sobre a preferência do eleitorado do país. Na eleição presidencial, por exemplo, Datafolha e Ipec davam menos de 40% dos votos ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e apontaram a possibilidade de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar sem a necessidade de segundo turno, mas ambos erraram.
Na avaliação de especialistas, a quantidade de erros compromete a credibilidade das empresas. Doutor em ciência política, Leandro Gabiati diz que os institutos de pesquisa fazem parte do processo eleitoral e ajudam o eleitor a entender melhor em qual contexto ele vai votar, mas avisa que a baixa assertividade atrapalha o cenário eleitoral.
Segundo ele, até o segundo turno, que acontece em 30 de outubro, a tendência é que a sociedade não acredite nas pesquisas de intenção de voto que serão divulgadas. “Os institutos continuarão fazendo pesquisas. Os que contratam vão continuar contratando, mas certamente com muita dúvida e muito questionamento naquilo que venham a apresentar nos próximos 30 dias. Ainda que acertem, a desconfiança está posta.”
O cientista político Rócio Barreto acredita que os institutos também precisam aperfeiçoar a metodologia dos levantamentos. Na avaliação dele, as empresas deixaram de considerar alguns aspectos do eleitorado, como o voto dos indecisos. “É preciso investigar melhor o motivo de a pessoa estar indecisa. Perguntar em quem ela poderia votar caso mude de ideia, se ela tem um plano B para a eleição. Esse percentual pode fazer a diferença no resultado da pesquisa.”
Gastos
Na mira de parlamentares que querem uma CPI para apurar distorções nos números do primeiro turno e da Polícia Federal, as pesquisas Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria), ex-Ibope, custaram R$ 23,4 milhões em 2022. Em seguida, aparece o Datafolha, com R$ 14,2 milhões.
Segundo os dados, as três pesquisas mais caras realizadas pelo Ipec, no valor de R$ 347.659 cada uma, contratadas pela TV Globo, entrevistaram, no total, 9.024 eleitores entre os dias 13 de setembro e 1º de outubro. A média de entrevistados nas pesquisas era de 1.000 eleitores.
Já o Datafolha, que costumava entrevistar entre 1.000 e 6.800 eleitores nas pesquisas anteriores, declarou que recebeu R$ 617.972 para uma pesquisa com 12,8 mil eleitores, nos dias 30 de setembro e 1º de outubro, na véspera do primeiro turno das eleições.
R7