Crescia e diminuía sem uma explicação clara, e chamou a atenção em particular no início do século 19.
Para se ter uma ideia, nos registros históricos da Enfermaria de Finsbury, em Londres, entre 20 de março e 20 de abril de 1800, o transtorno “clorose e amenorreia” era o segundo mais citado, depois de “problemas pulmonares sem febre”.
Na década de 1890, 16% das internações no Hospital São Bartolomeu, em Londres, eram por essa causa.
Depois, sem que haja uma explicação clara, os registros da doença começaram a decair. No início do século 20, esses registros desapareceram, deixando perguntas: seria porque os sintomas foram atribuídos a um diagnóstico diferente? Ou porque o tratamento ficou mais eficiente ao focar a dieta das pacientes, em vez da sua virgindiade? Ou por algum motivo o mal deixou de ser diagnosticado?
Há várias hipóteses que tentam explicar esse desaparecimento, geralmente mencionando melhoras na alimentação e nas condições de vida da população.
Houve médicos que relacionaram a doença à riqueza, sugerindo que os costumes sociais das mulheres mais abastadas, como usar corpetes justos e levar uma vida sedentária de pouca exposição à luz solar e ao exercício físico, causavam predisposição à clorose.
Outros defendiam que a doença era mais comum entre meninas com excesso de trabalho e mal alimentadas, que moravam em grandes áreas urbanas.
Há historiadores médicos que sustentavam que se tratava simplesmente de um tipo de anemia por falta de ferro.
E também há quem afirme que era uma doença psicossocial, semelhante à anorexia nervosa.
No entanto, como comentou o pioneiro hematologista Leslie John Witts, em 1969, “fica a inquietante sensação de que o mistério da clorose, como o de Edwin Drood (romance de Charles Dickens), segue não resolvido”.
Hoje em dia, o termo “clorose” segue sendo usado, mas para se referir a plantas que sofrem de deficiência de ferro — a doença se manifesta como perda da coloração verde.
O termo “doença verde”, por sua vez, segue sendo usado em menção à anemia hipocrômica, em que glóbulos vermelhos têm menos coloração do que o normal quando analisados em microscópio. A causa mais comum é a insuficiência em ferro no corpo, e os sintomas são parecidos aos da doença que, durante séculos, foi tratada como “coisa de mulheres nervosas”.
G1