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Polícia abre duas linhas de investigações sobre o caso da mulher que foi morta por negar beijo a traficante

A Polícia Civil tem divergências nas investigações envolvendo o caso da mulher que disse ter sido levada ao “tribunal do crime” do PCC (Primeiro Comando da Capital) após ter negado beijo a um traficante em um bar em frente a um baile funk no Itaim Paulista, zona leste de São Paulo.


Para o Deic (Departamento estadual de Investigações Criminais), ela foi assassinada pela facção criminosa na favela de Paraisópolis, zona sul da capital paulista. Já o 50º DP (Itaim Paulista) trata o caso como desaparecimento. Karina Martins Bezerra, 26, foi vista pela última vez há quatro semanas.


Investigação por homicídio. Em uma investigação paralela, o Deic passou a tratar o caso como homicídio após a prisão de Brendon Macedo Soares, 27, indiciado por tráfico de drogas e porte ilegal de arma no dia 14 de setembro.


Em depoimento, ele disse ser membro do PCC e ter participado do “tribunal do crime” que teria “condenado” Karina à morte na favela de Paraisópolis. “Após o ‘julgamento’, ele afirmou à polícia ter “dado carona para o outro assassino e que abandonou o veículo de Karina”. O UOL teve acesso à transcrição do relato.


Áudios obtidos pela reportagem indicam como foi o assassinato. Ela teria sido localizada em Taboão da Serra (Grande São Paulo), dez dias depois ter sido libertada de um cativeiro pela polícia. “Os ‘irmão’ [como são chamados os criminosos ‘batizados’ pelo PCC] já pulou (sic) pra montar um ‘tabuleiro’ [gíria para citar os ‘tribunais do crime’]”.


Investigação por desaparecimento. Já o 50º DP ainda trata o caso como desaparecimento. Fontes ligadas à investigação informam ao UOL que não há localização do corpo da vítima ou depoimentos que indiquem o assassinato — a delegacia não teve acesso ao depoimento dado ao Deic pelo suspeito preso confessando ter participado do “tribunal do crime” e, por isso, não leva em consideração esse relato no seu inquérito.


Investigadores foram ao bar onde Karina havia dito ter sido assediada por um traficante, mas não localizou câmeras de vigilância para tentar identificar a ação.


A Polícia Civil começou a investigar o caso desde 15 de agosto, quando Karina foi resgatada do “tribunal do crime” por policiais militares no Itaim Paulista. Na delegacia, ela identificou seis suspeitos de envolvimento no caso de extorsão mediante sequestro. Três deles já tinham sido condenados por crimes como tráfico de drogas, assalto e associação criminosa. Em depoimento, eles negaram envolvimento no crime.


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Como foi o caso de assédio denunciado por Karina? Ela estava com três amigas em um bar no Itaim Paulista quando disse ter sido assediada por um homem que teria se identificado como traficante do PCC na madrugada de 15 de agosto. Ela revelou ter resistido às investidas do suposto traficante, que tentou beijá-la e agarrá-la à força.


“[O traficante do PCC] passou a tocá-la, segurar os seus braços, forçando abraços e beijos, mas ela se esquivou de todas as tentativas e começou a se irritar com ele. Inclusive, o xingou e eles passaram a discutir”, disse, segundo relato em boletim de ocorrência ao qual o UOL teve acesso.


Após ser rejeitado por Karina, o assediador disse “que ela iria ser a mulher dele, por bem ou por mal, que ele era do PCC e que ficaria com quem ele quisesse”, conforme detalhou a vítima em seu depoimento à polícia, após ter o assédio. Em seguida, ela foi sequestrada e levada a um cativeiro. E só saiu de lá ao ser resgatada por policiais militares, que a levaram à delegacia, onde Karina prestou depoimento.


O que diz a SSP. Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que há investigações paralelas das duas delegacias sobre o caso. Contudo, não explicou por que há divergência nos crimes investigados no mesmo caso.


Leia a íntegra da nota enviada pela pasta ao UOL:


“O caso está sob investigação pelo 50º DP (Itaim Paulista) e, paralelamente, pela 5ª Delegacia de Investigações sobre Furtos e Roubos a Banco, da Divisão de Investigações Sobre Crime contra o Patrimônio (“DISCCPAT), do Deic, que apuram o desaparecimento da vítima. Um suspeito de participação no crime foi preso pelo Deic, no último dia 14. A partir daí, o departamento também instaurou um inquérito policial. As diligências prosseguem visando a localização da vítima e esclarecimento dos fatos.”


UOL


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