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Pesquisador do Censo enfrenta falta de recurso e assédio 

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasi

O trabalho do Censo de 2022 começou há um mês, mas, apesar do avanço na coleta de dados, os problemas se acumulam. Foram destinados R$ 2,3 bilhões do orçamento federal para a realização do levantamento, mas os recenseadores têm apontado dificuldades, principalmente em relação à lógica.


O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estabelece para os servidores — que são temporários — o pagamento por produtividade, cujo valor bruto pode ser visualizado em uma calculadora disponibilizada no site oficial do órgão. Só que o edital para o processo seletivo não esmiúça o método de cálculo. Assim, o salário varia de acordo com o município e as características da região.


Esses vencimentos, porém, estão atrasados e sem data de previsão de pagamento. A insatisfação com essa situação tem feito pipocar protestos dos recenseadores em todo o país. “Virou o mês e não sei quanto e nem quando vou receber”, protestou Lucas Ferreira, 32 anos, que está à frente do movimento em Salvador. Para piorar, ele e outros estão há dias sem trabalhar porque não têm o dinheiro do transporte para ir a campo. “Tenho colegas que estão há 15 dias sem receber o auxílio locomoção“, critica.


De acordo com o IBGE, “99% dos problemas de atraso no pagamento dos recenseadores foram sanados desde a semana passada. Novos procedimentos na rotina de pagamentos foram adotados, a partir desta semana, para agilizar o processo“.


Segundo Felipe Barros, 25 anos, à frente dos recenseadores no Maranhão, a cada processo realizado no estado, os pesquisadores recebem o equivalente a R$ 3, “que pagam somando todas as etapas”. “Aqui está pior. Não querem oferecer nenhum tipo de auxilio para a gente“, denuncia.


Mas esse não é o único problema enfrentado pelos recenseadores. No Maranhão, há relatos de assédio sexual de pesquisadoras, tal como o sofrido por Ariane Constantino, 20 anos. “Passei em uma casa na qual havia ido várias vezes. Na última tentativa, encontrei o morador. Fui fazer meu trabalho e ele ficava me assediando“, relatou Ariane, que não denunciou o caso ao IBGE.


Ela afirma que só completou a pesquisa com o assediador por causa da produtividade — o instituto paga salário ao recenseador se completar 95% do processo de pesquisa.


Fonte: Correio Braziliense


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