O casamento de Gisele Bündchen e do jogador Tom Brady está em crise. Pelo menos, isso é o que diz a imprensa internacional, que está obcecada pelo caso. Isso porque Brady é uma estrela do futebol americano. Em janeiro de 2022, ele anunciou sua aposentadoria (em um acordo feito com a esposa, Gisele). Mas, em março, mudou de ideia e disse que voltaria a jogar. Isso seria o motivo da crise.
Se for isso mesmo, Gisele está certíssima de ficar chateada. Mas o que me chamou a atenção quando li a notícia não foi a crise do casal, mas um detalhe. Em várias matérias sobre o caso, um dos motivos para a crise, segundo a imprensa americana, seria: “o comportamento de Gisele”. O site PageSix, do importante jornal New York Post, chegou a descrevê-la como “cabeça quente, daquele jeito de brasileira estourada”.
Para lá. O preconceito muitas vezes mora nos detalhes e esse parece ser o caso. A imprensa americana não só está colocando a culpa da crise em Gisele como afirmando que ela seria “cabeça quente” por ser brasileira. Que estereótipo é esse?
Um que nos acompanha em todo o mundo, infelizmente. Nós, brasileiras, e também latinas, somos descritas como dramáticas e estouradas, umas “barraqueiras”. Mas essa é uma generalização e um preconceito. Falar que um dos motivos da briga é Gisele ser “estourada por ser brasileira” seria o mesmo da gente falar que Tom Brady é “frio por ser americano”. Isso seria certo? De forma alguma. Seria uma generalização preconceituosa.
Mas, por onde quer que a gente ande somos olhadas como dramáticas, cabeça quente e estouradas. Nunca morei nos Estados Unidos, mas, no caso de Berlim, na Alemanha, onde moro, estourados são eles, que vivem gritando uns com os outros nas ruas (eu juro). Não são todos, claro, mas esse é um comportamento comum.
O tal comportamento de Gisele foi descrito como um agravante durante reportagens que falavam de um problema sério entre os dois. Eles estariam brigando porque Brady teria quebrado a promessa que fez para Gisele, de ficar mais tempo com os filhos e com a família. Quando anunciou sua aposentadoria, ele agradeceu a Gisele por todo o suporte e por ter sido a principal responsável pela educação dos filhos do casal por anos.
Gisele se aposentou no auge, em 2015, justamente para ficar com os filhos. O justo é que mãe e pai façam sacrifícios pela família. Deixar tudo na conta da mulher é machismo. Segundo a imprensa americana, Gisele teria feito as malas e ido dar um tempo na Costa Rica. Entendo completamente.
O que não dá para entender é como uma mulher com tantos anos de carreira internacional ainda tem seu comportamento julgado por “ser brasileira”. Escuta, Gisele é uma das maiores modelos de todos os tempos. Elogiada por todos pelo seu profissionalismo. E ainda tem que aguentar essa fama baseada em clichê e xenofobia?
Outro exemplo, para que fique claro o quanto é errado falar que uma mulher é “estourada por ser brasileira”. Imagina se a gente saísse falando que Tom Brady, ao não cumprir o trato com a esposa, seria “egoísta por ser americano”. Seria erradíssimo afirmar uma coisa dessas, já que ser ou não egoísta não está conectado com o país de onde a pessoa é.
Esses preconceitos e estereótipos precisam acabar.
UOL