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Guns N’Roses faz show sem novidades e deixa fãs frustrados

Foto: Reprodução

É motivo de preocupação sair de um show de uma banda de rock achando que tudo poderia ter sido pior do que foi. E é mais preocupante ainda quando isso acontece com o Guns N’Roses, um dos maiores grupos de todos os tempos conhecido por apresentações selvagens e com a energia de uma bomba nuclear.


Tudo bem, essa parte do “selvagem” e da “bomba nuclear” não fazem mais parte de um show do Guns há décadas, como pode comprovar quem foi a apresentação da banda neste sábado (24), em São Paulo, no estádio do Palmeiras. No show, vemos uma banda que se esforça bastante para manter a atenção do público, um Axl Rose focado na voz e na presença de palco e Slash (guitarra) e Duff McKagan (baixo) — os outros dois membros originais que voltaram em 2016 — segurando o rojão com carisma e boas performances.


Mas, inegavelmente, o Guns tem problemas. O maior deles é a voz de Axl, que já não é a mesma há vários anos e que foi motivo de piada no show da banda neste último Rock in Rio. Chegaram a dizer que era o Mickey Mouse quem estava cantando. Possivelmente, não aguentando mais ouvir este tipo de crítica, a produção do grupo negou credenciais para toda a imprensa paulista. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas não puderam registrar o show, a menos que pagassem para estar lá, claro, caso deste colunista.


Só que para a felicidade de Axl — e dos milhares de fãs que lotaram o estádio palmeirense — sua voz não estava tão ruim assim. Óbvio, ele não consegue mais cantar como antigamente, se complica algumas vezes nas notas mais altas, não dá mais gritos rasgados e canta basicamente o essencial. Sabe que não pode mais ir além disso. O vocalista tenta ainda compensar a falta de voz com uma boa presença de palco: corre de um lado para o outro, sobe no retorno, esboça as dancinhas do passado (só de leve), troca de jaquetas e camisetas o tempo todo e sorri várias vezes para o público próximo da grade. Mesmo assim, é um Axl que é apenas sombra do que foi no passado em cima de um palco.


Ainda em relação ao canto de Axl: a falha de sua voz foi muito amenizada pelo péssimo som da banda no estádio. Foi o pior som já ouvido por este colunista no Allianz Parque, sempre impecável neste quesito. Nos primeiros quarenta minutos de show era praticamente impossível ouvir o Gun N’Roses. Não havia caixas de som espalhadas pelo estádio, apenas mais à frente, próximas ao palco, e tudo saia embolado, com eco, sendo impossível distinguir os instrumentos. Não dá para saber se isso foi intencional por parte da banda, um possível artifício para disfarçar os problemas vocais do cantor. De qualquer maneira, foi lamentável.


SEM SURPRESAS
Outro problema grave do Guns é a falta de novidade. O show deste sábado é basicamente o mesmo de 2016, quando Slash e Duff voltaram a integrar a banda. Ou seja, é o mesmo de 2017, quando o grupo também se apresentou no Brasil. Quer dizer, a impressão que dá é que se você já viu um show do Guns N’Roses recentemente, já viu todos, porque virou um negócio monótono, meio protocolar e quase imutável.


Tudo bem, é legal ouvir ao vivo Welcome to the JungleSweet ChildDon’t Cry, entre outros tantos hits, mas é impossível não ter a sensação de “ok, legal, manda a próxima”. Para não dizer que houve um total de zero novidades, o Guns tocou Absurd e Hard Skool, duas canções novas (requentadas do passado, na verdade) e Shadow of Your Love (outra antiga resgatada). Resumindo: não são exatamente inéditas ou composições recentes.


SLASH E DUFF
Quanto ao show em si, a banda se empenha para entregar uma apresentação vibrante, cheia de energia e que busque contagiar seus fãs. A apresentação começou pontualmente às 20h (foi até as 23h, totalizando três horas) com It’s So Easy, canção com a qual o Guns sempre abre seus shows nos últimos anos (e o passado distante também). Passou então para Mr. Brownstone e Chinese Democracy e com o público prestando bastante atenção à voz de Axl. Tudo parecia ok, apesar do péssimo som já mencionado. Chegou então a vez de Welcome to the Jungle, a quarta da noite, com Slash já ganhando o público com as primeiras notas na guitarra. Axl procurou ser econômico e não soltou o tradicional grito tipo sirene. Não dá mais para fazer isso.


Foram se sucedendo hits (Civil WarYou Could Be MineNovember Rain) e menos conhecidas, mas que os fãs gostam (BetterReckless LifeSorryNightrain). A empolgação do público ia variando conforme o nível de “famosidade” de cada canção, mas a banda fazia questão de manter tudo em alta rotação sobre o palco. Slash segurou o show sozinho em vários momentos com suas várias guitarras e solos clássicos. Duff McKagan também não deixava por menos e também empresta credibilidade ao grupo.


Apesar do esforço da banda, esta turnê — We’re F’N Back — tem um certo downgrade visual em relação às turnês passadas. O palco está mais pobre, os vídeos são fracos, os telões não impressionam, não tem mais pirotecnia (que faz falta em Live and Let Die) e nem chuva de papel picado. Parece que estão dando uma economizada.


Após Nightrain, a banda voltou ao palco para o bis, que veio com Coma, música que tem 10 minutos e 13 segundos de duração. Depois desta minimaratona, Slash, Duff e Richard Fortus (segundo guitarrista), se sentaram com três violões e tocaram instrumentalmente Blackbird, que serviu de introdução para Patience. Foi um momentinho bonito de se ver, com o grupo tentando mostrar uma vibe acústica/desencanada. Veio Don’t Cry e tudo terminou com Paradise City, tradicional música de encerramento dos shows do Guns. Axl, de novo, jogou o microfone para o público e se despediu.


Ao final, ficou a sensação de que tudo poderia ter sido pior, mas que também poderia ter sido melhor. O Guns N’Roses precisa urgentemente lançar um disco novo para trazer novidade a suas turnês, até porque a monotonia cansa e os estádios podem começar a parar de encher para vê-los.


Fonte: R7


 


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