Facções invadem aldeias e recrutam jovens índios para o mundo do crime

Um relato feito por pais de jovens jaminawas que estão presos na penitenciária de Sena Madureira por suspeita de tráfico de drogas, aponta para a constante cooptação de indígenas para trabalhar em facções criminosas no Acre.


Uma reportagem da Folha de São Paulo trata sobre a problemática que atinge as aldeias indígenas acreanas. O povo Jaminawa, que vem num processo constante de lutas internas e também por demarcação do seu território, agora se depara com conflitos de grupos que têm comando no eixo Rio-São Paulo, o Comando Vermelho e o PCC.


O conflito entre facções, segundo os pais que relaram a situação, são constantes e recentemente pelo menos oito indígenas foram presos. Um detalhe que traz a reportagem é que nem na prisão eles não podem dividir as mesmas celas e os familiares precisam se organizar para realizar as visitas em dias distintos.


“Em meio ao avanço das facções nos últimos cinco anos, os jaminawas estão jogados à própria sorte, numa terra indígena sem demarcação. Não há reconhecimento da ocupação do território, delimitação e acompanhamento consistente ou fiscalização contra invasores por órgãos como a Funai. Aldeias da Jaminawa do Rio Caeté não têm energia, água potável e escolas —a escola da aldeia principal ruiu. Em espaços improvisados, o ensino só existe até o quarto ano do ensino fundamental”, diz um trecho da reportagem.


“O abandono ocorre apesar da existência de uma decisão da Justiça Federal que determinou à Funai a conclusão do relatório sobre a ocupação territorial feita pelos jaminawas, para fins de demarcação. A decisão foi proferida em dezembro de 2016. O prazo dado era de seis meses. Nada foi feito”, finaliza.


Os indígenas vivem com medo das facções. Relatam ameaças, casas queimadas e trocas de tiros nos outros territórios onde há jaminawas em Sena Madureira, também sem demarcação —São Paulino e Caiapucá. O medo se estende às casas de palafita nas franjas do município, mantidas pelos indígenas.


Um pai resume assim a realidade do filho preso na cidade, suspeito de envolvimento com uma facção: “Meu filho caçava, pescava, fazia roça na aldeia. Na cidade, fica desamparado. Ele quer voltar para cá.”


Fonte: Contilnet


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