O candidato do PDT à presidência da República, Ciro Gomes, citou Rio Branco, a Capital do Acre, como exemplo e um dos motivos pelos quais a bancada de seu Partido na Câmara dos Deputados e no Senado se dividiu durante a votação do Marco Regulatório do Saneamento do país, em 2020.
O chamado “Novo Marco Regulatório do Saneamento”, lei federal 14.026, aprovada pelo Congresso em 15 de julho de 2020, altera as regras para a prestação de serviços no setor, promovendo a ampliação da participação de empresas do setor privado neste mercado, com o objetivo último de universalizar o acesso ao saneamento para todos os lares.
O posicionamento de Ciro Gomes coincide com o do prefeito da Capital, Tião Bocalom (PP), que também foi contra a privatização do sistema de água e abastecimento de Rio Branco.
Durante uma entrevista a um podcast, questionado pelos entrevistadores sobre as razões da divisão da bancada, com alguns de seus membros votando contra, Ciro Gomes desculpou-se citando Rio Branco como um dos lugares do país em que a privatização do sistema não daria certo.
De acordo com os entrevistadores, a agenda do Governo, que pautou a proposta pela aprovação da proposta pelo Congresso e cuja regulamentação permitira investimentos na ordem de R$ 1 trilhão para levar água e esgoto às periferias das cidades brasileiras, o que permitiria combate direto à pobreza. Ciro Gomes disse que os entrevistadores estavam enganados, já que os investimentos significam tão-somente a privatização do setor de saneamento do país.
“Por que o discurso não casa com a realidade? Seu Partido não casa com algo que foi bem vindo e é bem visto por qualquer desenvolvido?”, questiona o entrevistador. Ciro responde: “Meu partido, conhece o Brasil verdadeiro. E essa é a razão pela qual alguns votaram contra, embora alguns de nós tenham votado a favor. Eu teria votado a favor”, começa a responder. “Mas deixa eu explicar porque nós votamos contra: o Brasil é um país diferente, um pedaço do Brasil é muito diferente um do outro”, acrescenta.
Diante do sorriso sarcástico do entrevistador, candidato, já demonstrando alguma irritação, afirma: “Você não tem a menor ideia do que está acontecendo hoje em Rio Branco, no Acre. Você não tem a menor ideia porque o mesmo marco regulatório do saneamento, quando privatiza a Ceade no Rio de Janeiro, está desconsiderando que existe uma zona oeste e uma zona norte dramaticamente pobre e uma zona sul dramaticamente rica. O custo do imobilizado, que nunca se indeniza, é impagável pelo perfil de renda do nosso povo. Essa é a nossa preocupação”.
Ciro Gomes, no entanto, elogia a ideia do marco regulatório. “Foi relatado por um grande companheiro meu de longa data, que é Tasso Ribeiro Jereissati, que é disparado hoje o cara mais preparado no Senado brasileiro”, disse. Voltando a falar da capital do Acre, Ciro Gomes acredita que o marco regulatório, “quando chega em Rio Branco, para fazer um consórcio, a Prefeitura de Rio Branco vai ter que subsidiar todos os municípios ao redor que são deficitários e ela se recusa a fazer”.
A consequência disso, segundo Ciro Gomes, é o que acontece no Brasil hoje: “você privatiza o filé e deixa a carne de pescoço e o osso para ser financiado pelo Estado. Veja o que aconteceu nos aeroportos”, citou.
Em Rio Branco, o prefeito, ao ter acesso à entrevista do candidato, disse que pensa o mesmo que Ciro Gomes em relação à possibilidade de privatização do sistema de saneamento e esgoto de Rio Branco. “Por isso, fomos contra”, disse o prefeito num áudio a um amigo comentando a entrevista do candidato do PDT.
Fonte: ContilNet