Em seu discurso na abertura da 77ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas, nos Estados Unidos, no próximo dia 20 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro (PL) mencionará a guerra na Ucrânia, além das consequências econômicas e sanitárias da pandemia de Covid-19. Ele também pretende defender a segurança alimentar global e o meio ambiente.
Bolsonaro se reunirá de forma bilateral com os presidentes do Equador, da Guatemala, Polônia e Sérvia, Guilherme Lasso, Alejandro Giammattei, Andrzej Duda e Aleksandar Vučić, respectivamente. O líder brasileiro se encontrará, ainda, com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. Não há previsão de compromissos com chefes de grandes potências mundiais.
Durante os encontros bilaterais, Bolsonaro deverá tratar do conflito na Ucrânia, iniciado em 24 de fevereiro, da recuperação das economias mundiais pós-pandemia e da reforma do Conselho de Segurança da ONU — um pleito brasileiro que se alastra há anos e cuja negociação teve pouco avanço.
“Em relação ao conflito, vamos reiterar o que temos dito recorrentemente desde o início, que queremos uma solução. A ONU e o Conselho de Segurança têm que ter um papel preponderante. Defendemos a integridade do território e que seja resolvido rapidamente”, afirmou o secretário de assuntos multilaterais políticos do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Paulino de Carvalho Neto.
“Nós falaremos também dos esforços que temos feito no combate ao desmatamento ilegal, e que o combate à mudança do clima é coletivo, um esforço global, e que há países que têm responsabilidade bem maior que a do Brasil. No caso, aqueles que emitem mais gases de efeito estufa por conta do uso intensivo de energia fóssil”, acrescentou.
De acordo com o embaixador, Bolsonaro deve defender o Brasil e seu papel diante da segurança alimentar mundial, assim como fazer menções aos produtos agrícolas e à energia renovável. “Nós temos dado a necessidade de garantir a segurança alimentar no mundo, promovendo e intensificando o uso sustentável da terra e da produção agropecuária. Faremos menções aos produtos agrícolas também e energia renovável”, disse.
No fim de agosto, Bolsonaro afirmou, durante conversa com apoiadores, que negociava mais tempo para seu discurso na abertura da Assembleia-Geral da ONU. “Hoje fiz a primeira reunião para o discurso da ONU no mês que vem. Vamos dar notícia para o Brasil, de lá para cá. Meu tempo é de 15 minutos, [mas] estamos tentando passar para 20 [minutos]”, disse o presidente à época. O embaixador brasileiro, contudo, informou que não houve pedido formal de acréscimo no tempo de discurso de Bolsonaro. “Entre 10 e 15 minutos”, relatou Paulino.
Questionado sobre eventual encontro entre Bolsonaro e Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, o embaixador não confirmou a agenda e limitou-se a dizer que existe interesse de ambas as partes, mas que há incompatibilidade de agenda. Na sequência, foi perguntado sobre os critérios para a seleção das reuniões bilaterais. “São dois aspectos. O primeiro é o pouco tempo em que o presidente vai estar em Nova York e o segundo é a eventual possibilidade de que, em Londres, possa ter encontros com outros líderes”, informou.
Bolsonaro viajará para Londres, na Inglaterra, no próximo sábado (17), para participar do funeral da rainha Elizabeth 2ª, que morreu aos 96 anos. O presidente ficará na capital britânica até o dia 19, e seguirá para Nova York, nos Estados Unidos. O retorno ao Brasil deve ocorrer ainda na terça-feira (20).
O ministro das Relações Exteriores, Carlos França, acompanhará o presidente na viagem aos Estados Unidos. No país, terá encontros com representantes das seguintes nações: Bahrein, Belarus, Camboja, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Guiana, Guiné Bissau, Indonésia, Irã, Japão, Rússia, Senegal, Suriname e Turquia, além do secretário-geral da Liga dos Estados Árabes.
As viagens de Bolsonaro para o Reino Unido e para os Estados Unidos ocorrem a poucos dias do primeiro turno da eleição brasileira, marcada para 2 de outubro.
Conselho de Segurança
Durante coletiva de imprensa, o embaixador brasileiro disse que Bolsonaro deverá tratar com outros chefes de estado sobre a reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. No mês de julho, o Brasil ocupou a presidência do grupo, e foi a 11ª passagem do país pelo órgão desde sua criação, em 1945.
Em janeiro, o Brasil assumiu um assento rotativo, com mandato para o biênio 2022-2023, e um dos pleitos é justamente o assento permanente. “Defendemos que é uma necessidade de o conselho ser mais representativo do mundo de hoje, para que possa ser mais legítimo e que sua atuação e respostas tenham caráter mais eficaz”, argumentou Paulino. O embaixador, contudo, reconhece as dificuldades impostas. “É um processo muito lento, com pouquíssimos avanços, e não há a perspectiva de que possa ser resolvido em curto prazo.”
R7