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Bolsonaro “confiscou festa da Independência para fazer campanha”, diz imprensa francesa

Foto: reprodução

A imprensa francesa analisa nesta quinta-feira (8) as celebrações do Bicentenário da Independência no Brasil, que “se transformaram em um imenso comício eleitoral” do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. Com multidões, as comemorações representaram uma “impressionante demonstração de força” do presidente, mas os riscos de rejeição dos resultados da eleição de outubro permanecem, avaliam os principais jornais da França.


A comemoração, que deveria ser uma grande festa nacional, foi confiscada por Bolsonaro – não o chefe de Estado, mas o candidato. É como se um presidente francês usasse o 14 de Julho para fazer campanha”, compara o editorial da emissora RTL. “Bolsonaro chamou seus apoiadores para manifestar e parasitar as celebrações (…). Nem os nossos populistas são tão vulgares quanto Bolsonaro”, diz o texto.


O jornal Le Monde acompanhou a movimentação no Rio de Janeiro, transformado em um “imenso comício eleitoral”. Caminhões de som incitavam os participantes a “desligar a televisão” porque a “imprensa e as pesquisas mentem”.


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O jornal ressalta que, pela manhã, em Brasília, o próprio Bolsonaro já havia colocado em dúvida os resultados das pesquisas. O diário frisa que, nas redes sociais, a propaganda bolsonarista se esforçava, por meio de montagens, a provar que os institutos de sondagens se enganam sobre o resultado do primeiro turno e até sobre a participação nas celebrações da Independência.


Apesar de ter feito discursos “mais moderados” ao longo do dia, para os padrões de Bolsonaro, o presidente “proferiu uma ameaça pouco velada, ao declarar que ‘a história pode se repetir’, enquanto falava de movimentos de insurreição no passado, entre os quais citou o golpe militar de 1964”.


Neste ano, o presidente se privou de conclamar a ruptura institucional ou contestar a urna eletrônica. Mas seus apoiadores fizeram isso por ele e previam o apocalipse ‘se os comunistas’ voltarem ao poder”, destaca o Libération, também com cobertura no Rio de Janeiro.


Riscos de violências permanecem

Agitar o espectro da volta ‘dos vermelhos’ contribuiu em peso para o sucesso de Bolsonaro há quatro anos”, lembra o jornal, que ouviu de militantes bolsonaristas que “se não ganharmos a eleição, é porque teve fraude”. “Comprem uma arma e munições! Vamos ter que tomar as ruas”, dizia outro, segundo Libération.


Le Monde diz que “o Brasil finalmente respira aliviado” depois da data, já que havia temores de incitações golpistas e atos de violência em plena comemoração do Bicentenário da Independência. Mas “a demonstração de força de Bolsonaro não tranquilizou a população quanto a sua intenção de respeitar a eleição presidencial em caso de derrota”, afirma o texto.


Depois de o governo facilitar a compra de armas, o espectro da violência política assusta o país, às vésperas da votação”, continua o Libération.


Os jornais dão destaque para o fato de Bolsonaro ter colocado o empresário Luciano Hang ao seu lado na tribuna em Brasília, semanas depois de ele ser acusado de incitar um golpe de Estado em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. “Como sempre, quando se fala em Bolsonaro, os próximos dias são incertos e carregados de ameaças”, observa Le Figaro.


Fonte: RFI


 


 


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