Rafael Silva de Oliveira de 22 anos, que assassinou Benedito Cardoso dos Santos, nessa quarta-feira (7), por uma discussão polícia, gravou um vídeo do corpo da vítima e formatou o celular antes de entregar o aparelho para um amigo, segundo o delegado responsável pelo caso, Victor Oliveira. A Polícia Civil disse que o telefone será periciado para tentar recuperar o vídeo.
Rafael, que é apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL), matou Benedito com pelo menos 15 facadas e um golpe de machado após uma discussão política. A vítima defendia o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Conforme o delegado, após ter matado Benedito, Rafael teria gravado um vídeo e foi até um amigo pedir carona para Confresa, já que a propriedade onde ocorreu o assassinato fica a 34 km do município. O amigo informou que não poderia levá-lo.
“Ele [Rafael] falou que tinha praticado uma besteira, mostrou o vídeo e deixou o celular com essa testemunha. O celular foi apreendido só que ele estava formatado e não tinha mais nada. Vamos tentar com a perícia para ver se recupera alguma coisa mas, até então não tivemos acesso ao vídeo”, disse Oliveira.
O amigo disse para a polícia que o vídeo mostra o corpo da vítima no chão, disse a polícia.
De acordo com o delegado, além da testemunha que informou sobre o vídeo e que estava com o celular de Rafael, outras seis pessoas também já foram ouvidas.
Além disso, Oliveira disse que Rafael estava lúcido e ciente no momento da prisão.
Entenda o caso
Rafael matou Benedito com golpes de faca e machado. O crime ocorreu em uma chácara em Agrovila, zona rural de Confresa, cidade a 1.160 km da capital Cuiabá. Segundo o delegado, os dois homens trabalhavam juntos no corte de lenha em uma propriedade e, na noite de 7 de setembro, começaram a discutir sobre política.
“O que levou ao crime foi a opinião política divergente. A vítima estava defendendo o Lula, e o autor defendendo o Bolsonaro”, diz o delegado Victor Oliveira.
Segundo a Polícia Civil, Benedito deu um soco no rosto de Rafael e, em seguida, pegou uma faca. O autor do crime, então, partiu para cima da vítima e tomou para si a arma branca.
Ainda conforme a versão apresentada pelo delegado, Benedito teria corrido e Rafael o perseguiu e começou a golpeá-lo pelas costas. A vítima teria ficado caída no chão, momento em que o autor aproveitou para acertá-la com golpes no olho, no pescoço e na testa.
De acordo com o delegado, Rafael foi até um barracão pegar um machado, foi até Benedito, que ainda estava vivo, e o acertou no pescoço, na tentativa de decaptá-lo.
O autor escondeu as armas do crime e foi andando até a cidade de Confresa, chegou ao hospital e solicitou atendimento médico, pois estava com um corte na mão e outro na testa. Ele alegou que tinha sido vítima de uma tentativa de roubo.
O suspeito foi encaminhado para a delegacia para prestar depoimento e confessou o crime. O suspeito foi preso em flagrante por homicídio qualificado, por motivo fútil e motivo cruel e teve a prisão em flagrante convertida para preventiva.
Os policiais encontraram a faca e o machado e outros elementos que apontavam para o suspeito no local do crime.
De acordo com a Polícia Civil, durante o interrogatório, Rafael disse que “nenhum concordava com a opinião do outro”. Disse também que após acertar o pescoço de Benedito com um machado, voltou para a casa, lavou as mãos e trocou de roupa para ir ao hospital solicitar atendimento médico.
Declaração da Human Rights Watch
A diretora para as Américas da ONG Human Rights Watch, Juanita Goebertus Estrada, declarou nessa sexta-feira (9) que “todos os candidatos deveriam condenar energicamente o assassinato de Benedito Cardoso dos Santos e quaisquer atos de violência política, intimidação ou ameaça no período eleitoral”.
“Os candidatos deveriam insistir com seus apoiadores que respeitem as posições de seus adversários políticos e nunca recorram à violência”, disse Juanita.
Ela prosseguiu:
“Esse chamado é particularmente importante no contexto altamente polarizado das eleições brasileiras. Os brasileiros merecem eleições pacíficas e deveriam poder se engajar em discussões políticas sem medo de violência ou retaliação por suas opiniões”.
G1